sábado, 5 de dezembro de 2009

Sonho e Realidade

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Este sonho aconteceu do dia 23/11/09 para o dia 24/11/09
...
Eu estou num ônibus com alguem que me faz compania. O caminho me lembra o Jardim Botânico_ caminho no qual passei quase dois anos indo para s.b.c. Na Metodista-.
De repente passamos num condomínio de prédios e vejo um homem atirado num canteiro florido.
Esse homem eu nunca conheci pessoalmente, mas sei o nome dele e de vez em quando leio seu blog.
Ele está caído e existem pessoas em volta. Ele se jogou. Ele se matou.
Mais adiante vejo uma moça desesperada se jogando no chão. Ela chora muito, ela sofre, a dor dela é comovente. É o retrato da tristeza profunda e da inconformidade. Penso: deve ser a mina do cara que se matou. O onibus dá a volta e já existe uma novena, com velas e muitas pessoas. Parece que ele é um cara cheio de amigos. A maioria é mulher. Existem poucos homens. Os únicos homens que me lembro são os homens que estão ao lado do corpo no canteiro florido. O canteiro é redondo.
Eu , de repente, entro dentro do condomínio e já assisto a cena do corpo estirado duma janela alta. Parece que estou em um apartamento. Ouço comentários de que essa já não é a primeira vez que o cara tenta se matar.Dizem algumas pessoas. Eu apenas ouço. Passam horas e o corpo permanece lá.
Existem outras duas moças que choram compulsivamente como a primeira. Me parece que ele tinha outras mulheres além daquela primeira.
Um dos amigos, um gordinho, sai correndo e pela primeira vez, deixa o cara sozinho e estirado. Ficam uns amigos envolta ainda, mas o gordinho parece ser o mais fiel e dedicado.
O corpo está duro, pelo menos é o comentário que eu ouço das pessoas. Afinal já se passaram muitas horas. O amigo gordinho volta. Num repente ele coloca o corpo de pé .O amigo parece meio revoltado e quando levanta o corpo do defunto , mostra uma atitude desesperada de salvá-lo . E salva. O corpo é colocado de pé , e mesmo meio torto , apoiado numa perna só, não cai. O cara não morreu. Ele está vivo. O gordinho aplica no pescoço do ex-morto uma injeção verde. Como se fosse adrenalina, ou qualquer coisa do tipo que o fizesse viver de novo.E parece que funciona.
Meio torto, meio manco e se arrastando sai o cara. A primeira mina_ a que mais se descabelva chorando _ o abraça e sai com ele. Ele apóia seu corpo sobre o dela e eles se vão, juntos.


...

Hoje, como todos os dias, entre no site de notícias "G1" da Globo, para acompanhar as informações do dia.
O homem do sonho foi baleado numa tentativa de assalto no espaço "Parlapatões". Seu estado é grave.
...

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Estou envelhecendo

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Passei tanta coisa, passei tanto de mim e passei tanto do ponto. Deste, daquele, do meu, da vida.Do ponto que eu deveria descer pra caminhar um pouco mais.
Não existem atividades literárias pra quem não ama mais segurar num lápis. Pra quem abandonou um caderno de cinco anos e se apaixonou pela vista deslumbrante de um computador. Nele posso ver o mundo. Nele cabe todo o mundo, toda a minha paz. Nele cabemos.
Que piada!
Lí um texto tão bonito, que me tocou tanto. Era sobre como os nãos que dizemos ao longo da vida custam um único sim que pode ser dito.
Pois bem, lá vou eu.
Dentro de mim, no mais íntimo, estão todas as palavras ansiosas por nascer e fazer morrer. Ansiosas para não frutificar – no sentido puro da poesia :esfacelar-, loucas pelo próximo tiro e pela próxima lágrima.
Ontem me nasceram tantas palavras e me neguei a ouví-las. “Sai de mim, poema sempre dito.”
Pensei : Maldito seja esse dia. E continuei.
Com quaantas palavras pode um poeta inteligente contar uma mesma história( sem que se mude uma só vírgula )?
Muitas.
Com quantas palavras pode um negligente contar uma mesma história ( sem que se mude uma só vírgula )?
Com nenhuma. O negligente apenas ignora tudo.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Ordem e Progresso

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Um.
A liberdade se encontrou na modelagem.
Zíper.
Dois.
O tanque submete a mulher.
Três.
Um Homem submete qualquer mulher.
Quatro.
No tanque.
Cinco.
Cabelos são rédeas. Quadril a galope.
Seis.
Um.Um.Um.Um.Um.Um.
Sete.
Quando é bom não precisa de Dois.
Oito.
Coito.
Nove.
'Te amo, Vida, líquida esteira onde me deito.'
Dez.
Ordem e Progresso.

*Sábio Nelson Rodrigues.
*Sábia Hilda Hilst

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Redenção

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Olha eu aqui. Fumando. Fu (A)mando.
Olha eu aqui. No melhor projeto da minha vida : me destruir.
Olha eu aqui. Tomando café.
Na verdade, olha eu aqui = bomba relógio. tic tac. vai explodir.
Olha eu aqui . Literatura homicida. Enjoo. Nojo. Raiva. Baratas. Ratos.
f r u s t r a ç ã o _______________ nas entrelinhas.
Ironizando o ato de viver.
O circo de viver.
O palhaço que eu não pinto mais no rosto.
Os palavrões que eu não falei.
Os socos que eu não dei.
A putaqueteopariu que eu nunca mandei.
Agora, ainda vivos e me cobrando sua execução.
Estou eu e o legado de dor que eu deixei dentro de mim.
Me cobrando, me matando, me tirando uns muitos pedaços diários.
As palavras ainda me ajudam.
Elas ainda são a ação possível.
Diante do mal, do caos e de mim.

sábado, 29 de agosto de 2009

Caminhada

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Fumo desde os 17 anos e este hábito terrível fez com que eu criasse espaços de tempo para fumar em qualquer lugar.
Trabalho num shopping e ainda me resta uma área para fumar. Vou sempre ao mesmo lugar. Lá penso sobre a minha vida, meu presente, passado e futuro. À penas, penso.Construo o mosaico do existir com um cigarro entre os dedos,uma fumaça sobre a cabeça.E hoje não foi diferente, saí pra fumar.
Acendí meu cigarro, dei o primeiro trago e comecei a observar o fluxo de pessoas que vão e vem à minha frente, numa das entradas do shopping.
Um homem passa falando ao celular apressadamente, na mesma mão que o segura tem um chaveiro entrelaçado nos dedos. Um homem que corre à vida num compasso orgulhoso e prepotente. Logo atrás um menino de no máximo dois anos. Ele corre em seus pequenos passos para alcançá-lo. O menino usa sandálias amarelas, bermuda preta e uma camiseta com os dizeres : “nasci pra vencer''.
O homem a passos largos não se importa em olhar pra trás. O menino, obstinado, não se importa em buscá-lo numa corrida impossível para suas pequeninas pernas.
Vejo este homem percorrer mais ou menos vinte metros até que meus olhos não o alcancem mais. O menino é a última figura que vejo fazendo a curva , e desaparecem. Do meu olhar. Me questiono...que tenacidade é esse que move uma criança a perseguir o pai durante incansáveis minutos, sem sequer receber um olhar, um gesto para que continuasse? Que pai é esse que não olha pra trás e se compadece do esforço sobrenatural que seu bebê fazia para alcançá-lo?
Quantas vezes já corri atras de alguém que não me esperou ?Que não se compadeceu em perceber que a minha capacidade só chegava aos passos curtos? Quantas vezes já vesti a camiseta com a frase “nasci pra vencer'' em batalhas perdidas desde o primeiro passo?
E ainda mais, quando foi que tive essa determinação de ir em frente diante do desprezo e do abandono? E quantas vezes não diminuí o ritmo pra – numa atitude apaixonada e generosa- oferecer ajuda a quem se arrastava poucos metros atrás?


quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Tudo Novo de Novo

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Uma expectativa nascida de dois pares de olhos. Projetadas num só. Eyes with lasers. É, foi mais ou menos assim.
Pois bem, estacionei em frente ao seu prédio e esperei você descer. Esse foi o dia que fizemos um mês ficando -pra mim-, e 'ficando' pra você. Do alto dos seus 1,70- pouca coisa maior que eu- vi um homem de paletó preto, calça jeans e tênis cinza. Nas mãos dele, um buquê de flores.
Pensei : Ineditismo e Deus.Caí,só que nos teus braços. Uns vinte olhares e meios sorrisos deram as mãos aos muitos selinhos e saímos pra nossa noite pagã. Como todas as outras.Onde os fracos não tem vez. Sorrimos sempre dessa piadinha nascida num motel barato ao estilo estadunidense.Que não se compreenda tudo. Fomos jantar. Eu, ele e as flores no banco de trás. De certo que elas deveriam estar fazendo comentários sobre nós. Isso não é devaneio.
Sempre me sinto deslocada com muita chiqueza e dessa vez não foi diferente. Um garçom ao pé da mesa, mais propriamente enchendo o meu prato todas as vezes que ele esvaziava. O garçom queria namorar com a gente. Asseyes vouz, garçon.Brincadeira. Na verdade era um escravo pago pra trabalhar de madrugada nesses empregos desleais. Provavelmente tinha raiva de estar ali. A mulher o esperava em casa e servir a um jovem casal deveria ser pedante.
Não me senti muito a vontade naquele lugar, embora a comida fosse ótima. O problema era só o serviço demasiado prestativo do garçon. Vou me ater a nós. Nós.Agora nascemos no plural.
No carro um abraço. No carro umas palavrinhas tímidas, que juntas, formaram isso que chamamos de frase e, nesse caso, pedido de namoro (ou intimação) : A partir de agora você é minha namorada.
Minha cabeça voou nas asas de um pássaro perdido, depois voltou, cambaleante : Eu quero, achei que você não fosse pedir! O desespero eufórico era , de fato, puro desespero. Eu sei do quê. Por quê pensou que eu não fosse pedir?, disse ele.Eu respondi algo muito inseguro e ele replicou: Pra mim a gente já tava namorando a muito tempo. Ufaaaaaaa. Ele quer isso de verdade, eu percebí. Então vamos.
Sendo ele o filho não nascido, mas escarrado o Chico Buarque – coisa que ele não suporta-, falou como o tal, dias à frente sobre Construção.Mas não era aquela letra famosa. O discurso soava como comida caseira, sabe? Parece ridículo dizer isso, mas era como se eu sentisse uma segurança duradoura, daquelas que só existem em almoços de domingo com a mesa cheia. ''Eu quero construir sonhos e buscar obejtivos em comum . Eu sei que com você vale a pena.'' Pôrra, que mulher não sonha com isso? Há quanto tempo eu espero por isso? Bom, é muito provável que eu esteja no caminho certo. Caso contrário, é mais um dos atraentes precipícios que beirei na vida.
O que eu sei de tudo isso é que tem muito a ver com o que eu sempre quis.O nós é muito presente nele e isso me cativa. O cuidado me cativa, a calma também. Conto os dias pra vê-lo novamente, numa espécie de '' fecundação de amor'' e que em breve, me engravidará.


Ele me encontrou/Eu tava por aí/Num estado emocional tão ruim/Me sentindo muito mal./Perdido, sozinho/Errando de bar em bar/Procurando não achar/Ele demonstrou tanto prazer/De estar em minha companhia/Que eu experimentei/Uma sensação/Que até então não conhecia/De se querer bem/De se querer quem se tem/E Ele me faz tão bem!/Que eu também quero/Fazer isto por ele...

Pra você, barba

Luzinha!

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Se você leitor já teve contato com 'Brida' de Paulo Coelho, continue a leitura. Caso contrário, não facilitarei o texto pra que você entenda minhas subejtividades.
Sabe aquela luzinha que brilha ao lado superior direito da cabeça de uma pessoa? Então é sobre ela que eu vou falar.
Li 'Brida' aos 8,9 anos de idade. Era um livro que pertencia à tia Ane, hoje falecida. A capa era interessante e lá no interior do Paraná o maior nome em romance que se conhecia era o de Coelho. Me interessei, peguei emprestado da tia e li nas minhas férias que passava aqui em sampa. Por coincidência no mesmo quintal onde hoje moro. Voltas que a vida dá, vai entender.
Brida é uma bruxa wicca e aprende alguns segredos da vida e do amor naquela filosofia ritualística e simbológica que pratica.Ela sabe que a sua grande busca significa encontrar o portador dessa tal luzinha e vai atraz dele. Ela o identifica. Ela se alegra. Ela se satisfaz. Satisfação essa de todos aqueles que encontram o que procuram , e percebem : a busca acabou.
No entato no caminho de Brida não existem possibilidades para que ela siga essa luz. E descobrir isso gera muito sofrimento e a coloca diante de decisões altruístas, logo muito difíceis.
Num dado momento o dono da luz entrega Brida à vida. E ela vai.
A garota descobre que o grande prazer não era 'possuir', nem tampouco seguir a luz, mas sim, tê-la encontrado.
A jovem bruxa parte feliz e pensa consigo :- Puxa, como tenho sorte!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

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Eu queria ser pequena
Caber nos teus braços
Abrigada em teu seio
Suspirar

Queria um mundo apresentado num domingo de piquenique
Uma bronca, ou até uma surra
Queria tudo aquilo que me fizesse frágil, metade

Metade sua, outra do pai
Metade vida, outra sonho

Queria um sorriso tristonho
minha meninice traduzida
desvendada
num mistério de entender o porquê das coisas
e sem entender
sem saber
sem questionar
esse porquês

Meus porquês não cessam
Minha velhice tombada n'alma
me cobra a gentileza
e a leveza
que deveria ser

Obrigado mãe, obrigado pai
Um dia eu fui menina
Um dia eu fui tão menos
No mais que eu julgo não querer

e esquecer.




quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Dimanche Toujours

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Numa rua de nome composto
Metade religiosa
Metade utensílio doméstico
Um frio que não assustava, uma lua que brilhava
Nossos cigarros, nossos goles
Tudo nascia num sorriso e terminava num olhar

Timidez, medo, insegurança
Será? Será?
Mas já ? Mas já ?
Desejo de fuga
de fugir de você
me esconder em você
pra não te perder

Um filme sobre um contador de histórias
cocovants, cigarretes, Febem, filhos, Amor, M I L A G R E S
umas lágrimas minhas, um abraço de consolo seu
Seus m&m's, minha pipoca salgada
Nosso refrigerante

A despedida
o possível táxi
seu cuidado absurdo que me constrange
os seus beijos
um beijo meu mandado a distancia

uma semana esmagadora
lenta, irreversível
até que a vida presenteie a gente de novo
e comemoraremos
o que eu ganhei
e que você ainda não sabe

Legítimo.
Assim como foi pra você
foi pra mim.
O cheiro fica e me visita até que você reapareça.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Aquário

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dôce e leve brisa
calma
agita
enfeitiça

vento, sensibilidade, calor
nova idade

brincamos ainda
superfície cristalina

inda menina, menina

corre comigo
desvenda
abraça

assim, só,
isso.
aquilo que é
translúcido
e transparente:
Você.
Aquário.


Num canto, num gesto ,
nos olhos
aonde lá, distante,
nasce um mistério
eu. Sereia.


Paredes delicadas de vidro abrigam um mar tempestuoso e forte.

Numa mistura de calma e cólera.
Como se todas as balanças e seus pesos se equilibrassem.

Em aquário nasceu
todo aquele mar
que a sereia precisava pra amar.





terça-feira, 4 de agosto de 2009

Num acidente de sexta-feira...

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O poeta se conta em suas medíocres palavras ensaiadas. Não há nada de novo em sua poesia. Apenas cacos. Retratos diminutos duma paisagem sobreposta à própria vida.
O poeta volta a sorrir e abandona o próprio verso. Quantas palavras já escritas sem amor, que não possuem mais a circunstância da própria existência? Muitas.
O poeta saiu desapercebido dos acidentes que a vida tráz pra salvá-lo, não é assim que você o ensinou ?
O poeta se despede de si numa sexta-feira. O poeta encontra uns olhos tão iguais numa noite. O poeta decide, sua hora chegou.
A poesia nos ensina tudo sobre sentimentos. Assim o poeta aprendeu. No entanto, a efemeridade da letras e suas significâncias se perdem numa noite. Num sábado depois da sexta.
O mundo reviu o sorriso do poeta. Dizem que o poeta foi abençoado. Que assim seja. Que o sofrer seja minimamente impresso em suas letras de novo.
E o poeta ouve Nina Simone, ele lançou sobre você um encanto. O mesmo encanto que Nina lançou na vida dele.

Agora você é dele.

I put a spell on you because you're mine.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O revés de Pierrot

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Era amor sem dissabor
Amor redentor
Porto seguro sempre buscado
Nunca antes encontrado

E nos intermitentes espaços férteis da felicidade
Sofri o revés da vitória, da felicidade
Me descobri um dia no espelho a derrota
Me assustei, era eu o revés de Arlequim

Roubei de ti a tua Colombina , ó Pierrot
Sobreveio a ti, fúria, ódio e imensa dor
Mas Colombina bem sabia
Eu lhe daria alegria
E não seria falho como foi
Pierrot

Eu era Arlequim
Côrte real, nome e família
Início , meio e fim
Tu não passavas de migalhas
Homem pobre e sem renome
Desajeitado e alma tôrpe

Tu não merecias quem quer que fosse.

Colombina comigo foi feliz
Dei-lhe tudo quanto quis
E a tua foto em seu colar
De carinhos e beijos meus
Fiz desbotar e descolar

Tu já não existias mais
E a minha amada Colombina
Foi desposada inda menina
E pétala por pétala me pertenceu

Ri-me por dentro
Lembrei de ti, abandonado ao relento
Pobre Pierrot a ele não restará nenhum pudor

E a fiz em tudo que queria
Noite e dia
E quanto mais eu fazia
Mais se ardia
E eu advertia:
Não me cobres a vindoura cria!

Abusada e usada
Colombina desgastada
Só sobreou-lhe a sombra bela
De resto era imunda e velha
Já não buscava seu brilho polido

A Pierrot vou entregá-la
Suja, velha e muito usada
O coitado teme às traças
Será útil a velha como companheira
Em sua desgraça.

Pierrot no dissabor
Solitário, abandonado e sem amor
Chega-lhe toda arrependida
Mal amada e carcomida
A bela lembrança se tornara vulto
Era Colombina.


Sabido de sua desgraça
Ajeitado e intimo à todas as suas mazelas
Gritou-lhe Pierrot:
Cale a boca, passada e falsa donzela.
Não desejo tua compania
A sarjeta tem mesido grata
Me acolhido em noites fartas
Que passei por ti a chorar, sem pensar.

Hoje te vejo devolvida
Mal tratada e sofrida
E te entrego o teu lugar:

Abraça-te a este cachorro
Que não te negará socorro
Nem tampouco se enojará.

Vou- me embora com Arlequim
Que fizeste o melhor por mim
Quando de uma mentira me livrou.

O revés de Arlequim

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A sombra dos teus cabelos escrevia o nosso nome
E teus dedos brincavam com os meus
Tu lias o meu sorriso
Eu a ti chamava paraíso



Mas tu me fechaste em mim
Me pintaste na cara Arlequim
E Arlequim em mim
Mora todos os dias


Você pintou em mim a máscara do Arlequim
Você forjou em mim a tristeza do Arlequim
Você fez essa lágrima nascer em ti
E mudar pra mim.

Arlequim sabe que não é assim
Arlequim sabe que é belo querubim
Sonho de todas as Musas de Vênus
senão antes, agora sim!

Mas Arlequim não sabe o que mais quer
Se deseja aprisionar-se neste eterno mal-me-quer
Ou se retomas a bela face da esplendida mulher...
que é.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Anjo Negro

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Uma das mãos sobre o meu quadril.
A força estampada nas pontas brancas dos dedos negros.
Não consigo, por mais que eu tente, desvenciliar-me dele. É tão gostoso.
Ele me suga, me devora. A voracidade com a qual ele se mostra me deixa frágil.
Não, não consigo reagir. Qualquer reação diante dele estragaria tudo. Apenas sigo seu ritmo, entorpecida, desejando que jamais acabe.
Ele me toma em seus braços e me aperta enquanto me morde os ombros. Começo a achar graça dele. Sorrio. Num repente de fúria ele se encaixa em mim, que mais eu quero? Apenas que ele continue.Posso ouvir sua voz e ela entra em lugares que me fazem tremer. É tudo tão voraz. Me submeto a ele a fim de que ele extraia mais do que eu em mim. Espero.
Os braços que há pouco me enlaçaram já emolduram meus seios e sua lingua pincela meus mamilos....seu semblante diz: fome. A ele chamamos : desejo.
E mais a dança se faz, e mais tenho que contemplá-lo. O vigor com desenha oitos dentro de mim é incansável. Mas ele cansa e o seu cansaço não é paz... Mergulha entre meus seios e a coreografia de lábios,lingua e dentes são levadas pela melodia que criamos : as vozes estupidamente embriagadas à procura do fim.
Quanto mais a procura se instala e se refaz, mais temo o fim do mesmo modo que o desejo. No entanto, penso: Começaremos tudo de novo. Que venha o fim!
E mais chêga o limite que ele gosta. Que eu procuro. Eu só quero dar-me. Como a nenhum outro me dei, porque até ali nunca havia chêgo.
E as minhas mãos, a minha voz, lìngua, boca, pêlos, seios,quadris e vagina. Nada detém seu desejo. O meu fingido que é, diz estar findo. Não, não.... eu quero mais.
Queremos.
E a noite quanto mais se repete mais eu desejo. E ele me apresenta o rei da noite de modo que eu não posso rejeitá-lo...não há motivo. A minha fome, a minha estúpida e incontida sede vai em sua busca. E quanto mais nos confundimos entre nós, mais as mãos dele tecem os melhores nós que meus cabelos tiveram. E lágrimas escorrem no mesmo minuto que o ar me falta....Um homem daquele num estado febril em função da minha boca molhada...A conquista cresce da mesma forma que o fim surge.
Terminamos na última noite. Ele se despede. Estou cansada.
No entanto não quero sonhar mais,pelo menos hoje não.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Primeiras Lembranças

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Perninhas brancas, cheias de feridas balançando num banco de lanchonete.
Cabelos encaracolados dourados, mãos grandes e alegria...:

Ia visitar a Carol!

"Papai, quero um guaraná antartica."

Ele pagava e eu tomava o guaraná toda feliz.

terça-feira, 26 de maio de 2009

As Horas

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Ele tinha sempre uma mania de falar das horas:

"São duas da tarde e ainda não fiz isso." "São oito da noite e não comprei aquilo. "
O tempo dele era aquele conjunto de fragmentos fomentados por um ponteiro arbitrário.Desleal.

E se tornava escravo de cada gominho perdido e deixado pra trás. Pra ele o comando das horas ficava à cabo do cuco. Talvez fosse um beija-flor, talvez um joão de barro. Eu garanto que deveria ser um desses passaros de países nórdicos...ou talvez um bicho de estimação de lord inglês, tamanha frieza e pontualidade.
A ele se faziam presentes os avisos do pássaro. O bicho era em resina e mesclava um azul com verde dando um tom metálico a ave. De fato a beleza era grande e a compania que o bicho de mentira fazia também.

Para que não se perdesse no tempo empunhava um relógio de tamanho médio e cor discreta. Deveriam ser neutros o tom, os números e os ponteiros. A exigência com a qual o pequeno aparelho levava a vida dele era exímia.
De passo em passo se ouvia o tic-tac possessivo do acessório. De passo em passo se corria em frequencias cerebrais uma agitação e uma excitação. :“Estou em cima da hora” E mais substantivos que se complementavam num prelúdio de caos emocional:” Reunião. Chefe. Fome. Tensão.”

E mais um dia se passava e àquela pressão toda se esvaia num copo de café-com-leite assistindo o último desenho animado de sua série preferida “O máscara”.
Não tinha um perfil sensível, tampouco parecia infantil. Aquele era um traço que ficara de não se sabe da onde.

Cuco-Cuco-Cuco (!!!!!!!!!!)_

Não, não deveria ver desenhos. Era uma perda de tempo inexorável, coisa desnecessária de gente que não tem o que fazer.Melhor mesmo era pensar no seu discurso de amanha. Uma banca de executivos, uma gravata chumbo apertada e os dedos do pé uns sobre os outros. Ele demonstrava sua tensão espremendo os dedos do pé. Não que o sapato fosse apertado. O problema ia além. Ele era orgulhoso demais pra suar ou ficar ruborizado.

Dormiu uma noite tranquila até. Novamente o regulador o acorda. Ele desperta, desajeitado e sem vontade. No rosto a expressão é vazia, é como se o verbo “anular” tivesse rosto.O rosto era dele. Um homem anulado, um homem coisificado, controlado por um sistema que media sua própria vida num ciclo matemático falho.

Passos arrastados. Neste dia não há prelúdio de nada. Nada que lembre o homem nele. Ele apenas se veste, um zumbisnessman, ou melhor, um 'sobrevivo'.

Anda pelas ruas apressado. O contato com outros seres-humanos é escasso, desgastado. Existem pra ele a garçonete da lanchonete, sua secretária, a mãe insuportável e distante e um motorista de taxi . Motorista este que o leva quando seu comandante preso ao pulso demonstra algum atraso irreparável de mínimas fatias de tempo. Quiçá sete, oito minutos.

E à morte ele é tão desinteressante. Ela jamais o espreitou...”um homem como ele, desprezível, não é merecedor de qualquer acontecimento sobrenatural”.

A reunião vai as tantas. O relógio utilizou todos os seu espaço de tempo naquele dia. O ponteiro saiu cansado de trabalhar e governá-lo.

O acessório empunhado estava enfraquecendo e talvez fosse só a bateria.
O homem não percebeu e como de praxe, esperou que o Cuco garantisse seu despertar e que o marcador de pulso confirmasse a hora.
O cuco gritou, cucou, ardeu em cólera e o homem permanecia estático em decúbito dorsal. Já era a prévia de um laudo de morte. Como num sono de bêbado ele levantou uma das pestanas – ensaiava um abrir de olhos- e visualizou o mostrador do relógio. Inda marcavam 4 horas a mais de sono.Dormiu.

Cuco- Cuco- Cuco (!!!!!!!!!!!!!!!!!)

Algumas horas depois- se dirigiu até o santuário que governava sua vida, Cuco azul- esverdeado- metálico, meio lord, seu controlador. Havia algo de errado. Os ponteiros do relógio de pulso estavam incoerentes. O sol ardia e os ponteiros marcavam inda 3:00 a.m.
Não foi o cuco que o traira. A bateria do relógio de pulso havia acabado e ele não se apercebeu. No homem nasceu um sentimento. Era uma raiva de si mesmo. Ele caíra do pedestal egoísta que se colocara.

Se irritou, esbravejou, lançou o relógio da mão esquerda ao chão. Uma cena maravilhosa de se ver. Algo no homem o fazia humano, mesmo que fosse uma revolta ridícula como aquela.

Já havia perdido o horário do trabalho. O café acabara em sua casa. Decidiu sair pra comprar. Não tirou as meias tampouco penteou o cabelo. Remelas, baba, cabelos bagunçados, um furo na meia. Sentou-se na praça florida em frente à sua casa – que jamais fora antes- abriu a tampa do café. Bebeu. O relógio ficara no chão da sala e o sol não marcava as horas. O sol – ele percebeu- marcava dias. Permaneceu ali como quem jamais iria embora. Talvez não fosse.

Ele e outros homens - Zé

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Contando histórias eu conto minha vida, meus desejos, meus pequenos ratos que corroem a alma.


Marina é o nome da mulher que eu mais amei. E como amei Marina. Amava tanto e era só olhar pra ela que o mundo se acendia como em dia primeiro do ano. Fogos, estouros e faíscas. Um amor de bichos iguais. Um amor de bichos gêmeos.
Com Marina não tinha tempo ruim, cama ruim, sorriso ruim, festa ruim. Ela se alegrava por mim, eu me alegrava por ela.Bastava.

Penso em Marina como quem pensa em sonhos. Sonhos são aquilo que as vezes amaríamos viver, noutras odiamos tanto que o melhor é esquecer.
A menina me fazia presente em tudo. Me ligava um botão de vida que nem eu sei aonde é que fica. A menina me ensinou o valor do companheirismo e nisso nunca ninguém ganhou dela. Era minha companheira. Em tudo.

Hoje as bandas são outras. Marina voltou pra minas, e a cachaça não muda o sabor da vida. Não mudou nunca- apenas era ilusão de tempo, velhice, teor-, a cachaça é apenas necessária.

Necessário é acordar e escrever sobre feridas. Sobre como tenho feridas que são tão minhas e não dependem de ninguém. Nem de Marina, nem da cachaça.

E mesmo que a pinga não me ficasse como arrimo. E mesmo que Marina se casasse com outro homem.
Mesmo assim eu ainda teria um cenho franzido e uma vida pouco viviva. Pouco aproveitada.
O sabor com o qual eu convivo hoje é o mesmo que tem as velhas raízes no deserto.

Pó, secura, aridez.... talhos que ultrapassaram o limite do sangue. O limite da vida.

E essa procura que em mim se instalou não tem outro nome senão o meu.
A doçura com a qual Marina me olhava, morará em mim enquanto ainda for possível a condição do ser. Do estar.
E a cachaça desce doída, como desce macia. Depende do dia, do diabo.

Deus já não se ocupa dos perdidos.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Música

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amo essa música....desde bem pequena quando comecei a ouvir ela.
Alanis, sua voz, sua composição, o piano melancólico no começo, os violinos acompanhando numa melodia absurda e a bateria cheia de agressividade.
Perfeito!


Uninvited


Like anyone would be

I am flattered by your fascination with me
Like any hot blooded woman
I have simply wanted an object to crave
But you
You're not allowed
You're uninvited
An unfortunate slide
Must be strangely exciting
To watch the stoic squirm
Must be somewhat hard-telling
To watch shepard meet shepard
But you
You're not allowed
You're uninvited
An unfortunate slide
Like any unchartered territory
I must seem greatly intriguing
You speak of my love
Like you have experienced love like mine before
But this is not allowed
You're uninvited
An unfortunate slide
I don't think you unworthy
But I need a moment to deliberate

terça-feira, 19 de maio de 2009

Ela Vive

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e ela vivia
e amava demais viver
se despia de tudo
e a nudez era viver

e ela tinha essa sede
que pouca gente tem
e quanto mais se conhecia, mais se amava

ela amava a vida demais
demais até para deixa-lá
pediu que se encarregasse a vida
de escolher àquela hora marcada

ela pulsava vida em tudo
no corpo, nos olhos, no carinho, no amor
ela se despiu de toda a beleza que tinha
e a vida então a amou

não importava quão bela fosse
quão inteligente
quão esperta
ela descobrira que o sentido da vida ia além disso

e tudo, tudo fluia um resultado natural e m a r a v i l h o s o

ela bebia a vida
ela devorava a vida

a dela, dos animais, do mundo

e ela jamais se sentiu pequena depois disso

ela sabe à sua VIDA

.

ela se apaixonou por ela mesma.

e depois disso,
viveu.

e depois disso
sorriu.

e depois disso
esqueceu.

e muito, muito depois disso
BRILHOU.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Formiguinhas

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A música postada abaixo me veio na cabeça hoje de manhã. As primeiras horas do dia são sempre reveladoras... são prelúdio de acontecimentos e sentimentos.

Sinto falta, as vezes, duma época demasiada espiritual pela qual eu passei na adolescência. Este período me deu muita coisa boa e continua dando.

Me sinto muito agradecida por Deus por todas as coisas que eu tenho. Me sinto privilegiada por estar viva.

Em verdade, é uma benção diária poder contemplar a natureza e toda a criação de Deus.


Ontem eu e o Gô estávamos passeando no parque quando nos deparamos com uma, das tantas, manifestações de Deus nas nossas vidas...

Um caminho de formiguinhas !


Sim, elas estavam em fileira levando pedacinhos de folhas e flores para o formigueiro.

Nós ficamos as admirando durante bastante tempo. Elas tinham uma organização absurda, a união então nem se fala. Foi uma das cenas mais bonitas que já vimos juntos.

Algumas formiguinhas levavam pedaços gigantes de folha, se comparados ao seu tamanho. Outras, no entanto, levavam pedaços pequeninos demais. Era uma 'comunidade' muito unida, uma célula. Cada qual na sua função, se o pedacinho caía, elas não desistiam. Equilibravam com as patinhas o fragmento de folha, e levavam até o seu esconderijo.


As minhas palavras não vão expressar nunca tamanha beleza; Por isso, aconselho você que olhe menos pra cima, pelo menos de vez em quando. Abaixar a cabeça faz com que possamos enxergar milagres, entender a nossa vida.


Tenho ganho maravilhosos presentes de aniversário, isso me deixa imensamente feliz. Mas, os melhores, sem dúvida foram os que se levam pra vida toda, como o milagre da vida impresso nas formiguinhas.


Aprendemos a voar como pássaros. Aprendemos a nadar como peixes.

Mas não aprendemos a conviver como irmãos.” Martin Luther King Jr


Nem toda tecnologia jamais fez nascer uma formiguinha. O sopro de vida, a existência só é dada por Deus.


p.s.: Não, não voltei pra igreja...tampouco pretendo. Este lado espiritual é muito presente em mim e não o reprimo.


A música abaixo é muito animada... tem um ritmo ótimo e me passa força e espiritualidade.








Cântico de Moisés- Giovani Santos


Então cantou Moisés

E os filhos de Israel ao Senhor

Pelo que o Senhor já fez na terra de Faraó

Porque o nosso Deus gloriosamente triunfou

E fez o mar se abrir

E Israel passou


É este o meu Deus

É Ele o Deus de meu Pai

Por isso exaltarei Seu nome, é Senhor


Cada gota do mar entendeu

Que a frente do povo hebreu

Ia o grande varão de guerra, o Deus de já.

Cavalheiros de Faraó

Afundaram-se no mar

Mar Vermelho a pés enxutos pude atravessar


Pois o Senhor é a minha força

E o meu cântico,

Ele me foi por salvação

Quem é como Tu

Glorificado em Santidade


Admirável, entre os louvores de Israel

Cantai ao Senhor

Cantai ao Senhor

Porque triunfou, gloriosamente

Deus de maravilhas

sexta-feira, 15 de maio de 2009

A palavra

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- Linda.

A palavra veio tão espontânea e carinhosa que ela de pronto, disse:

-Lindo.

Não eram os olhos que viam
Ali os corações se enxergavam.

Era um laço profundo que parece jamais desatar.
Eles tem sorte e não, não sabem - ainda.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

"Free at last, free at last."

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Esta semana eu faço 21 anos. Me sinto estranha aqui.
Pôxa....as coisas não tão daquele jeito "maneiro" que eu pensei que estariam.A grana está curta. Tudo está reduzido.
As vezes me reduz a esperança. A esperança de um futuro melhor, que depende da grana. Mas, por outro lado, renasce sempre uma força maior e me faz acreditar. Sim, Sim. Mesmo sem grana eu vou conseguir.
Estou numa fase muito boa comigo. Diria que eu me encaixei ou até mesmo me adaptei a mim. Parece estranho, mas é bem isso mesmo. Eu tive uns percalços complicados e alimentei meus monstrinhos até que eles ficassem maiores do que eu. Desse modo eles me levaram coisas muito boas. Algumas eu consegui recuperar, outras não voltarão nunca mais. Tudo bem, tudo bem . Já passou.
Por essas mudanças que eu fiz em mim, me sinto em PAZ. É tão bom mudar, sabe !? Não tem grana (rs) que pague isso. Estou no caminho certo. Adotei uma postura correta. Descobri o quanto é bom ser honesto. Pois é, eu não era.
Passe muito tempo sendo desonesta. Nisso eu perdi coisas maravilhosas. Perdi muito.


Teve um belo dia que eu acordei desejando amar as pessoas. Todas elas.
E desde aquele dia estou me esforçando pra isso. Existem os filhos-da-puta, existem os desonestos, existem os traidores...e pra eles existe o perdão . Pois é, por pior que pareça eu decidi não desmerecer até os que me querem e fazem -mal. Sei que eu posso abençoar ou amaldiçoá-los . Escolhi abençoar. Escolhi perdoar. Eu escolhi não me amargar com mágoas. Não envelhecer de tristeza. Não desconfiar de todo mundo. Eu apenas estou deixando uma sementinha forte nascer aqui dentro, e ela está cada vez maior.

O que eu posso deixar de melhor pra qualquer pessoa, é o meu exemplo. Tô aprendendo a respeitar o amor, a respeitar os milagres. Tô virando gente.Mesmo.

Não veio tarde tudo isso. 21 anos ? Ainda tava em tempo de me salvar. Não importa pra onde eu vá, eu me sinto em paz. Tô pronta pra qualquer adversidade, pra qualquer decepção, pra qualquer dia ruim.

Todos estamos em tempo de mudar. De se salvar. A escolha é individual.

Aba, Aba... tudo veio certamente dele.

Que a vida se faça forte. Que o amor vença.

"Free at last, free at last."

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Ele e outros homens - Jorge

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Jorge não sabia muito bem como se esquivar das motos e dos retrovisores dos carros. O mulato vendia balas no farol desde que se conhecera por gente. Passara mais da metade de sua vida ali. A outra metade passava relembrando tudo o que vivia lá.
Filho de mãe solteira, sem pai conhecido, dividia as agruras e a comida com mais sete irmãos. Pra Jorge não era triste a vida. O triste era não ser amigo dela.
A rotina do rapaz era simples. Acordava antes do nascer-do-sol, colocava seu uniforme de trabalho ( uma peruca e um macacão com bolas vermelhas, amarelas e verdes), lavava o rosto, escovava os dentes e rompia a manhã com toda esperança de quem nasceu pra viver. Duramente vivia Jorge. Café-da-manhã, almoço, jantar, isso era raridade. Ou uma ou outra. Ele não se lembrava de um dia em que fizera mais de uma refeição.

O Palhaço

O macacão, presente de Dona Dinda, madrinha de Jorge, era companheiro do rapaz há perder de vista. Se bem, não era bonito. Era puído, uma manga tinha metade do comprimento da outra, e as cores... bem, as cores não se podia dizer " Nossa como vibram",no entanto apagavam o amarelo pálido do fundo e isto já e o bastante.
Trabalhar no farol é tarefa dura. Jorge bem o sabe. Mas menino como ele, criado e não-assumido pela vida aprendeu a se virar. O negro raquítico, de sorriso largo e de dentes brancos que envergonham a amarelice do macacão, é sabido da dureza. O crioulo foi moldado na miséria. Pra gente sofrida desde o começo, como Jorge, qualquer fim já é um ganho.

Os carros

No início da vida adulta ele era um alfabetizado-funcional. Ele escreve seu nome, lê e é muito ágil na hora do trôco, na hora do pagamento. O farol abre.

VERMELHO: O palhaço invade o mar de aço. As geringonças metálicas são assustadoras, mas ele não se intimida. A língua presa não o ajuda e ele faz por onde : 10 bala de caramelo a 1 real. Jorge não sabe, mas circula entre os prismas da evolução, da ganância, da modernidade. Saquinho de balas no retrôvisor. Madame vestida de carro francês olha e repugna o crioulo. E também tem o japonês, um negro como o nosso Jorge, e outros dentro dos carros parecidos comigo e com você. Somos reflectivos.
"Ô palhaço, ô muleque, quanto é que tá mesmo ?"
"É dez bala por um real só, moço."
" Vê dois saquinhos que as meninas tão pedindo."
As meninas são filhas de Jeremias, motorista de ônibus, que conseguiu realizar seu grande sonho: um carro popular em suaves prestações. Como se diz na ralé à perder de vista. Dentro do carro estão Pâmela e Luana, filhas do mais novo cliente de Jorge.
Por um momento o palhaço Jorge olha as meninas e se perde ao olhar Pâmela. A menina inda bem menina, quiçá tivesse doze anos, era grande demais pra própria idade. Era escura, de olhos amendoados e tinha um sorriso que atravessou aquele farol e a vida do vendedor de balas.

AMARELO : Jorge jamais fora amado, acarinhado. Sim, era esperançoso, mas não tinha incentivo da vida pra continuar nela. Sua criação em rua, em farol de avenida não lhe dera malícia. Malícia essa de homem, de macho. Muito pelo contrário, o descaso das circunstancias criaram nele uma alma inocente que o fizera permanecer um menino até o seu último dia.
Pâmela fitou Jorge com a mesma inocência que ele a observou. Se perderam por ali, naqueles milésimos de segundos, e a vida ganhou sentido pra Jorge e a mulher nasceu em Pâmela.
"Pega seu trôco aí neguinho." E menino não se movia. Talvez tivesse parado o mundo.Pra Jorge o sinal realmente parára.

VERDE: "Qual é o seu problema, hein garoto?"
Um ballet começava a se criar e a os sacos de balas dos outros carros partiam. Todas as balas dançariam longe daquele lugar. Não sabia nem Jorge, nem a menina o que se acontece numa hora dessas. De tão forte que era o laço nascido, o fio os levára numa forma superior. A forma mais pequenina que engradece.
Jeremias acelerou, o palhaço de feliz que estava, enfureceu-se. Jorge batia no vidro, Jeremias acelerava, as meninas gritavam e o transitou não parou. O mundo não parou. Numa arrancada mais forte o pai da menina conseguiu perder o vendedor de balas de vista. Suspirou, reclamou à menina, criticou-a, se encheu de soberba.

As bolas do macacão

O mesmo garoto de sempre. Um corpo franzino, daqueles que pedem socorro a cada toque. O palhaço só queria sorrir, vender, comer, dormir. O palhaço aquele dia amou. Um lago quente e vermelho se formava envolta dele. Desesperado, só chorava e esperava que alguém o livrasse daquilo. Num minuto ele tinha um mundo á mão, noutro já tinha muito menos que aquela vida maldita. Ele tinha fé em uma santa e rezou pra ela. Aquela oração martelava a cabeça dele todas as noites. Melhor fora recorrer a virgem. O macacão já se mesclava num tom róseo, medonho. Uns gritos surgiam em meio ao caos do palhaço rodeando a poça de sangue quente, muito quente , que ele derramára alí.
As bolas amarelas e as verdes, se perderam, se misturaram, como os olhares do palhaço e da filha do motorista. Nunca mais eles seriam os mesmos. Ele então talvez nem o 'mesmo' ainda poderia ser. O caso curioso que me pois a escrever é sobre o que viera a acontecer com as bolas vermelhas.

Bolas Vermelhas

Como que numa centelha de vida, num sopro irônico de deus pro menino, o macacão ganhara uma face bela diante da desgraça. Não mais se via verde, amarelo, desbotado, puído. O negro vestiu-se de raiz africana- talvez o único momento da vida em que tinha legitimidade- e a roupa de palhaço era manto, vestidura em cor de guerra.
Não demorou muito e pela sangria desatada, o menino palhaço morreu. Nunca em toda a cidade, os terreiros tocaram seus tambores tão altos. Dizem desde então que naquele dia nasceu São Jorge, homem santo, forte guerreiro.


* Meu agradecimento à Rubem Fonseca que me inspirou a criar este e outros contos que virão. Tomei como ideia seu livro "Ela e outras mulheres". Vale a pena .

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Carta ao Amante

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Bem sabes o quanto te desejo
o fogo com que me incendeias todas as vezes que nos sentimos,
nos embrenhamos
Mato a dentro .
a d e n t r o ( onomatopéia de sussurro erótico)
em toda tua natureza mortal
e teu 'faz-me-gemer' v i s c e r a l.

Nos encontramos às escuras,
não é bom que ele -àquele- saiba de ti,-num sussurro- de nós.
Vibro com a vitalidade de quando me penetras
Perfeito ao ponto de dividir linha e pensamento
alma e desejo.
E me concebes
do mesmíssimo modo como me consomes.

Voou no delírio mais infinito a buscar-te
E te recorro.
Quanto mais unidos,
juntíssimos: que o mundo se acabe em navalhas pingando sangue.
Sabemos, eu e você, do nosso gosto pérfido e sádico
em chupar cada gota de sangue alheio.

( onomatopéia orgástica)
E o nosso também, por que não ?

Agarro teus cabelos e cavalgo sobre ti na nossa breve madrugada.
Tu bens sabes o que sinto, jamais precisei de mais que 'verbo-sujeito-e-complemento' para que me soubesses.

( onomatopéia da suspresa da vida)
Mas eis-que longe vem, e eu bem sei o quê
e tu já não vale mais que um maço de cigarros. Vazio.
Te rejeito, te despeço, fecho meu canal.
JÁ não me p e n e t r a m a i s .

Meu Amante, Verso Meu
eu te digo nunca mais.


( onomatopéia referente ao barulho das lágrimas)




sexta-feira, 17 de abril de 2009

Lilás

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Eu não tenho roupas
não tenho terra
não tenho casa
não tenho trabalho
não tenho nada
não tenho amor
não tenho amor

mas e o que eu tenho ??

eu tenho meu cabelo
meu cérebro
meu nariz e minha boca
e meu sorriso
Eu tenho minha alma
minha 'pegada'
e tenho meu sexo.

I've got FREEDOM!
I've got LIFE !


Thanks Nina !!!

Nina Simone in "Ain't got no/ I got life"...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

"Che"

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Não valeria a pena, tendo em vista o contexto histórico abordar o fime como tema central no post.
Ernesto "Che" Guevara foi um revolucionário e como todos sabem seu legado ideológico permanece até hoje, seja em camisetas estampadas com seu rosto ou nos dados históricos de revoluções .
Pois bem... o filme aborda um Che bastante emblemático e o enfatiza como guerrilheiro, idealista e bom moço. O que me faltou, no entanto, foi assistir a figura de Ernesto humanizada, sensível a si próprio e carente. Carente que fosse de afeto, família, sexo e todas as pertinências que me fizeram perceber a falta do homem em Che.
Não sou crítica de filme e por mais cansativo que este o fosse, é apreciável...principalmente tendo em vista a riqueza histórica dele.

.......................................

Mas e quanto a Benício ?

Foram pra mim, apreciadora da beleza e "macheza" de Del Toro, duas horas intermináveis de prazer aúdio-visual.
Del Toro abre o filme fumando um charuto cubano, com um big close em seus lábios, em suas mãos ... e MEO DEOS, o que é aquele homem ?!
A voz que ele empresta a Che, as caretas, o olhar....nada se compara a isso.
Não costumo apreciar a beleza masculina - ela é rara- mas a de Benício, enchem meus olhos.

Continuo, sedenta, aguardando o próximo espetáculo que ele protagonizará: a sequencia de Che.
Espero, crendo de todo o meu coração, que ele se mostre mais humano e protagonize cenas que me façam senti-lo mais "intimo".

De uma fã , absolutamente apaixonada pelos encantos de Del Toro...

Oração de Páscoa

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Eu quero agradecer

Obrigada pelos momentos que estás comigo e eu não percebo, no entanto bem sei que não me abandonas.
Obrigada pelo cuidado com que olhas a minha vida, com que a diriges.
Obrigada por me fazer seu instrumento, por ainda lembrar de mim.
Obrigada pelo Dom que me destes, pela inteligência, pela saúde e pela capacidade -ainda que falha- de amar as suas criações.
Obrigada por falar comigo ainda que seja dentro desse coração tão ruim e falho.
Obrigada pela proteção, pela lealdade, pela fidelidade que ainda tratas a nossa relação.
Obrigada por ter me escolhido, por jamais ter me abandonado, por me abençoar todos os dias.
Obrigada pela comida, pela família, pelas oportunidades e pelas pessoas que colocas em minha vida.
Obrigada até por toda a dor que já sofri diante dos teus olhos... você sabe porque a permitiu. Ela me faz crescer, sempre.
Obrigada por estar ainda em mim e por me fazer brilhar.
Obrigada pelo amor Pai.
Obrigada pela minha vida.
Obrigada por me fazer forte e por me levantar todas as vezes que eu caio.
Obrigada por mostrar sua glória e beleza diante de mim.
Eu te amo muito Pai.
Esteja sempre dirigindo minha vida, meus caminhos.
E me perdoando também por ser tão imperfeita diante de Ti.

Aba, Aba

sabor anis tem Tua alma.

*Minha oração de Páscoa, inda que tardia.

sábado, 11 de abril de 2009

Áquele

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Áquele que ainda vem:

que venha logo

que chegue certo

a tempo par.-

que se já exista

se mostre belo

e me deixe a par.-

que bem me chame

conheça meu eu

e me deixe amar.-

que bem me queira

que seja verdade

e venha pra ficar.-

que não peça demais

nem cobre de menos

que seja sereno

ameno, rústico

e construa meu lar.-

que tenha no sorriso

um lugar meu

um abrigo

que acalme o penar.-

e que seja bem quente

e sempre num repente

me faça suspirar...-

que tenha bons amigos

que sejam companheiros

e sejam verdadeiros

.

e que me levante

cada vez que eu caia

que saiba dar risada

de minha distração...

e que perdoe

que jamais se doe

á escuridão.

e que seja sincero

me sangrando as vezes

mas que eu tenha certeza

d'alma dele.

e que chegue cedo

que nao demore

que eu ja nao suporto

tanta falsidade.


Lirinha dôce e pretenciosa.


O vento que sopra naquele lugar

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O lugar
O lugar estava lá
O mesmíssimo lugar
Não mudara em nada
Desde a última olhada
O lugar tinha seu cheiro
O lugar tinha seus desejos
E os consumou por ali mesmo.
Pro lugar não importavam os números
estatísticas q u a n t i t a t i v a s
Importava mesmo era o bafo quente
Do cheiro das vítimas.
Em numeral, talvez fossem menos que 10.
Sim, sim. Bem menos que 10.
Mas quem habita lá é a gramática.
Nada interessam os números
Importância lá ganham os substantivos, adjetivos e os verbos.
E o lugar me soprou um arrepio
e era como um vento de vingança
o l u g a r se vingara de mim.
Logo eu, também comigo.
E cada poro do meu corpo
sentiu seu desdém, seu deboche.
Talvez, melhor era ter fingido
que quase nada aconteceu naquele lugar.
Mas o l u g a r é duro, insiste em me soprar:
. . .

á q u e l e v e n t o.

E só eu sei o que ele diz.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

A bunda mente

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Perguntaram-me hoje:


O que tens de bom pra dar?


Bem sei que já sei o QUÊ.




Melhor era que entendessem d e s p r e z o


Mas sempre entendem p r a z e r




Se eu desse as costas


qual era a graça do querer?




E se bem desse a bunda


que mais poderiam querer?




A bunda


minha


SUA


a bunda


CONTINUA


feliz de existir


que nunca morre


de desejo em possuir.




ABUNDAnteMENTE irônica.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Minha Primeira Reportagem

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Por Ingrid Thomas 07/04/2009


O AUTOR NO MERCADÃO REUNE JORNALISTAS E COMEMORA O DIA DA CLASSE

O Mercado Municipal de São Paulo foi palco da primeira edição do projeto “ O autor no mercadão". O evento que ocorreu no último domingo foi realizado através de uma parceria entre a RENOME (Associação de Renovação do Mercado Municipal Paulistano), e o projeto “O autor na praça”. A primeira edição teve como tema, a comemoração do Dia Nacional do Jornalista, que será na próxima terça-feira.
A iniciativa é resultado de um trabalho que já existe há dez anos. O coordenador do projeto, Edson Lima, conta que a idéia foi fruto de um outro evento que é realizado quinzenalmente na praça Benedito Calixto , chamado “O autor na praça”. Para Edson, a empreitada remonta um cenário político e engajado, cenário esse, quase apagado em São Paulo : “Essa iniciativa tem como função valorizar a história de São Paulo e incentivar o paulistano a programas mais culturais.” De acordo com ele, escolher o Mercadão foi trazer mais identidade ao evento e relembrar o contexto histórico da cidade.
O evento que teve início as 12h, contou com a abertura da orquestra ”Lua Nova” de Socorro, interior paulista. Após a abertura foi iniciada a tarde de autógrafos com os jornalistas presentes.

Tarde de autógrafos

A bancada contou com repórteres renomados no meio jornalístico. Entre os presentes estavam: Audálio Dantas com o livro O Chão de Graciliano Ramos; José Hamilton Ribeiro com os livros O Repórter do Século, O Gosto da Guerra, Música Caipira e Tropeiros: Diário de uma Marcha; Ricardo Kotscho com os livros Do Golpe ao Planalto, uma vida de repórter, Uma vida nova e feliz... sem poder, sem cargo, sem carteira assinada, sem crachá...; Guilherme Azevedo com o livro As Aventuras de Alencar Almeida; Flávio Carrança com o livro Espelho Infiel, o negro no jornalismo brasileiro; Iva Oliveira com o livro A Força da Fé; Lucius de Mello com os livros Eny e o Grande Bordel brasileiro, A Travessia da Terra vermelha e Mestiços da Casa velha. O clima era bastante descontraído e os jornalistas falaram sobre temas polêmicos.

A censura e a obrigatoriedade do diploma

“Aceitar a censura nunca”, afirma o jornalista e escritor, Audálio Dantas. Para ele o que há nos meios de comunicação de massa é a censura econômica, que varia de acordo com a direção do veículo. Nesse tipo de censura, segundo o jornalista, existe um direcionamento do conteúdo e da essência da matéria. Ele diz ainda que a função do jornalista é um compromisso ético, e faz referência a cláusula da concensura, vigente na Europa, que legitima como direito a isenção de assinatura do jornalista, caso a essência da matéria seja modificada pelo veículo.
O ex-assessor da presidência e repórter há mais de quarenta anos, Ricardo Kotscho, defende uma postura mais enérgica do jornalista: "A censura que eu sofri foi em 67, no Estadão. O que existe hoje é a auto-censura do jornalista, e dos interesses próprios das empresas. Eu jamais admiti a censura e nem por isso fui mandado embora, eu sempre demiti as empresas”. E completa: “O pessoal está acomodado. No jornalismo você tem que brigar por tudo, a vida do jornalista é brigar, é ir sempre até o limite." Em relação á obrigatoriedade do diploma, ele que não tem formação acadêmica, conta: "Fui jubilado no ECA e minha mãe não teve o prazer de me ver formado. Eu defendo um exame como o da OAB, para que o profissional tenha acesso a profissão, senão vira casa de ninguém, e avacalha o jornalismo.” Um dos entrevistados, Lucius de Mello, redator do programa Hoje em Dia da Rede Record, vai além: "O poder político é refém do econômico. O jornalista precisa transitar em uma linha tênue pra que não sofra censura”, disse, fazendo referência a vulnerabilidade - leia- se risco de demissão- do jornalista no mercado de trabalho.

O debate

A discussão foi moderada pelo editor do Jornalirismo, Guilherme Azevedo. Os temas abordados foram a revolução digital, a liberdade de imprensa e a função do jornalista na sociedade. O jornalista José Hamilton Ribeiro de 76 anos, que há cinquenta e dois anos atua na profissão foi bastante celebrado e protagonizou os melhores momentos do debate. Ele afirmou que o brasileiro tem um desconhecimento da própria identidade, e que os meios de comunicação não valorizam o “Brasil rural”. Para ele, o homem rural tem pouco incentivo de crédito do governo e pouca relevância na mídia: "A grande imprensa não conhece o Brasil, principalmente o campo. Existe hoje, uma grande atenção com o urbano e um esquecimento desastroso com o meio rural”, afirma Zé Hamilton, como é chamado pelos colegas.
Um dos ápices do debate foi a discussão sobre o advento da internet como ferramenta no trabalho jornalístico. A bancada foi enfática ao afirmar que qualquer um pode “fazer jornalismo”, e que hoje em dia é preciso ter cuidado com essa tecnologia. Para o repórter especial do programa Globo Rural, Zé Hamilton, essa liberdade dá margem á desvalorização dos bons profissionais: “Hoje qualquer cabeça de bagre põe o que ele quiser na internet”, disse fazendo referência aos pseudo-jornalistas da web.
O debate teve momentos de descontração principalmente quando a bancada foi questionada sobre "o porquê continuar na profissão”. As respostas formaram um elo entre o bom-humor e a paixão pelo ofício: ”O jornalismo é a melhor profissão pra se sair a tempo”, brincou Zé Hamilton. Para Kostcho, é uma questão de sobrevivência: “Eu não saberia fazer outra coisa da vida que não fosse ser um jornalista.”
O evento também contou com a presença do presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Guto Camargo, que louvou a iniciativa e convidou os estudantes presentes para aderirem ao movimento da categoria.




p.s.: Foi um trabalho que exigiu dois esforços grandes de minha parte: transcrever as milhares de páginas anotadas no meu bloco e vencer minha auto-crítica.
Dedico esse texto á Ana. Obrigada por revisá- lo com carinho, pela paciência e pela compania durante as entrevistas.
Creio que a reportagem deve ter falhas- minhas- e vou mantê-las. Ainda não quero desenvolver as úlceras pertinentes á profissão.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Fome Branca

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A moça rechonchuda de vestido branco
A moça está feliz
A moça rechonchuda
Tão suculenta quanto seu bolo confeitado
e tudo é branco, branco, branco
copo de leite, bolo, noiva, renda
a noiva é rechonchuda
a noiva me dá fome
a noiva me dá tédio
a noiva é rechonchuda
re-shhhon- sshhhhu- dá !

Ah!

Papei a noiva!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

O sexo do seu cérebro

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http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI65446-15224,00-QUAL+E+O+SEXO+DO+SEU+CEREBRO.html

O link acima traz uma reportagem sobre o sexo do cérebro, e um teste pra descobri-lo.
A pesquisa abre campo pra muitas respostas, principalmente sobre sexualidade, e também sobre características que nos fazem ter um comportamento compatível ou não com nosso gênero.

Fiz o teste e -como já esperava- meu resultado não apresentou nenhuma novidade. Minha pontuação foi 6, o quê de acordo com a tabela ,significa um cérebro masculino.

Ciência aliada a prestação de serviços pr'aqueles- como eu- perdidos numa confusa identidade.

Façam o teste!

sábado, 4 de abril de 2009

O "conhecer" um baiano

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Nasci em São Paulo, passei a infância em Cianorte-PR, voltei no início da adolescência e, cá estou transbordando minha idêntidade caipira-cosmopolitana.
Tenho uma alma de sertanejo, tenho meu sotaque, tenho o cheiro de eucalipto que me invade as narinas, bastando apenas pensar Cianorte.

Me considero conterrânea daquele povo de sítios e casas em ruas de barro. Pensar meu interior é pensar no meu próprio interior.Uma alma distante de seu corpo.

O sul pra mim é casa, quintal- de i d e n t i d a d e.No entanto não me considero regionalista, tampouco denfensora de qualquer " fragmento de identidade" do Paraná. Gente de lá- leia-se PR e SC- não se apega a promover a própria terra. Gente de lá é simplesmente gente que é, sem levar em consideração o por quê do ser. E me basto em carinhos e apreços c o n t i d o s como todos de minha terra.

Tendo essa vivência em dois estados, achava que a maioria era assim...despretenciosamente sabido e exercido em sua origem. Eram apenas os nascidos ali ou nascidos lá.

...................................................................

O Brasil se resumia sim, em 25 estados e um distrito federal. Oras, aprendi isso em geografia, tenho isso tatuado no corpo e, essa geopolítica era bastante homogênea desde sempre- quiçá com uma ou outra destoante.
A região norte, Roraima, Amapá,Amazonas, Pará,Tocantins,Acre( meu sonho de viagem) e Rondonia. Centroeste composto de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Sudeste com São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. No Sul: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Deixei pro final o Nordeste que tem como partes: Maranhão, Piauí,Ceará,Rio Grande do Norte,Alagoas, Paraíba, Sergipe e finalmente a Bahia.
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O "conhecer" um baiano muda a vida da gente toda, digo, o baiano com baianidade. Baiano que fale em nagô, que ilustre o pelourinho, que se vislumbre nos ditos de Jorge Amado, e que tenha legado africano.Pois bem...conheci uma baiana legítima e, brother é uma viagem.

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A baianinha

Falemos da baianinha. O inha é de pequena, como a maioria dos baianos. A média de altura fica entre 1,60 á 1,68, lá naquelas terras de obás e dendê. O nome da baiana é Ana ,e claro como todo baiano que adora aparecer, o nome é composto: Ana Lígia.
Ana Lígia é menina daquele tipo diferente, que se encontram em grandes capitais...digo diferente por que pra ela Adão não foi feito pra Eva e, se deus inventou coisa melhor que mulher guardou só pra ele. Ana Lígia faz publicidade e propaganda na PUC-SP, e joga futebol pela pontíifícia também. Pra baiana entregaram a camisa 10 do time, e corre por entre os bastidores que ela é boleira nata.Pra fim da descrição da personagem, vale lembrar que não existe ninguém que tenha os olhos tão amarelos como os dela. Amarelice essa, que faz nascer inveja em qualquer "olhos-azuis".
A baiana é uma regionalista nata. Não há como ouvi-lá balbuciando monossílabas sem se transportar pra Bahia;Ela fala em dialetos as vezes, e consegue abrir tanto as vogais que chêga a fazer espacate gramático.
Ana é porta-voz de sua terra. Nela se enxergam a dureza do nordestido e sua tenacidade. Gente dura daquela terra que jamais se curva diante de coisa grande, quiçá das modestas.A menina carrega em sim uma inteligência ininterpretável.Discorre de Amado á Nieztsche como quem lá , falaria de um jogo entre Bahia e Vitória. Dentro da cabeça dela efervem uma inteligência genética munida de conhecimento de mundo, aliada á vida acadêmica-nisso destoa da sua gente. Ela teve oportunidade de alimento e boas escolas, e como baiana legítima aproveitou.

Conversar com ela, é relembrar Caetano in "Não enche" : "o que eu herdei de minha gente eu nunca posso perder."E ela não perdeu.
A.L. uniu sua afrodescencência á sua baianidade. Complementou o feijão- com- arroz no seu acarajé, e caruru de Cosme e Damião. Assistiu aos Filhos de Gandhi cantando João Gilberto. Ela é toda uma mistura bonita, de terra sofrida que só fez brilhar.

Não há ser que se aproxime dela e não veja Bahia. E menino, não ame a Bahia.
A baianinha é pra mim, a promoção - leia- se no sentido de promover- mais legítima de qualquer marketing que se possa existir. A menina baiana tem todo aquele dom, que sabe o baiano de se fazer feliz, e fazer uma terra toda sorrir. Baianidade presa ao sotaque, ao amor á terra, ao jeito de retirante inconformado em abandonar a mãe nordestina.

O lugar dela é a Bahia , sua terra e seu povo.Todavia o mundo precisa dela, pra ser feliz de existir.