sábado, 11 de abril de 2009

O vento que sopra naquele lugar

O lugar
O lugar estava lá
O mesmíssimo lugar
Não mudara em nada
Desde a última olhada
O lugar tinha seu cheiro
O lugar tinha seus desejos
E os consumou por ali mesmo.
Pro lugar não importavam os números
estatísticas q u a n t i t a t i v a s
Importava mesmo era o bafo quente
Do cheiro das vítimas.
Em numeral, talvez fossem menos que 10.
Sim, sim. Bem menos que 10.
Mas quem habita lá é a gramática.
Nada interessam os números
Importância lá ganham os substantivos, adjetivos e os verbos.
E o lugar me soprou um arrepio
e era como um vento de vingança
o l u g a r se vingara de mim.
Logo eu, também comigo.
E cada poro do meu corpo
sentiu seu desdém, seu deboche.
Talvez, melhor era ter fingido
que quase nada aconteceu naquele lugar.
Mas o l u g a r é duro, insiste em me soprar:
. . .

á q u e l e v e n t o.

E só eu sei o que ele diz.

Nenhum comentário: