quinta-feira, 2 de julho de 2009

O revés de Pierrot

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Era amor sem dissabor
Amor redentor
Porto seguro sempre buscado
Nunca antes encontrado

E nos intermitentes espaços férteis da felicidade
Sofri o revés da vitória, da felicidade
Me descobri um dia no espelho a derrota
Me assustei, era eu o revés de Arlequim

Roubei de ti a tua Colombina , ó Pierrot
Sobreveio a ti, fúria, ódio e imensa dor
Mas Colombina bem sabia
Eu lhe daria alegria
E não seria falho como foi
Pierrot

Eu era Arlequim
Côrte real, nome e família
Início , meio e fim
Tu não passavas de migalhas
Homem pobre e sem renome
Desajeitado e alma tôrpe

Tu não merecias quem quer que fosse.

Colombina comigo foi feliz
Dei-lhe tudo quanto quis
E a tua foto em seu colar
De carinhos e beijos meus
Fiz desbotar e descolar

Tu já não existias mais
E a minha amada Colombina
Foi desposada inda menina
E pétala por pétala me pertenceu

Ri-me por dentro
Lembrei de ti, abandonado ao relento
Pobre Pierrot a ele não restará nenhum pudor

E a fiz em tudo que queria
Noite e dia
E quanto mais eu fazia
Mais se ardia
E eu advertia:
Não me cobres a vindoura cria!

Abusada e usada
Colombina desgastada
Só sobreou-lhe a sombra bela
De resto era imunda e velha
Já não buscava seu brilho polido

A Pierrot vou entregá-la
Suja, velha e muito usada
O coitado teme às traças
Será útil a velha como companheira
Em sua desgraça.

Pierrot no dissabor
Solitário, abandonado e sem amor
Chega-lhe toda arrependida
Mal amada e carcomida
A bela lembrança se tornara vulto
Era Colombina.


Sabido de sua desgraça
Ajeitado e intimo à todas as suas mazelas
Gritou-lhe Pierrot:
Cale a boca, passada e falsa donzela.
Não desejo tua compania
A sarjeta tem mesido grata
Me acolhido em noites fartas
Que passei por ti a chorar, sem pensar.

Hoje te vejo devolvida
Mal tratada e sofrida
E te entrego o teu lugar:

Abraça-te a este cachorro
Que não te negará socorro
Nem tampouco se enojará.

Vou- me embora com Arlequim
Que fizeste o melhor por mim
Quando de uma mentira me livrou.

O revés de Arlequim

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A sombra dos teus cabelos escrevia o nosso nome
E teus dedos brincavam com os meus
Tu lias o meu sorriso
Eu a ti chamava paraíso



Mas tu me fechaste em mim
Me pintaste na cara Arlequim
E Arlequim em mim
Mora todos os dias


Você pintou em mim a máscara do Arlequim
Você forjou em mim a tristeza do Arlequim
Você fez essa lágrima nascer em ti
E mudar pra mim.

Arlequim sabe que não é assim
Arlequim sabe que é belo querubim
Sonho de todas as Musas de Vênus
senão antes, agora sim!

Mas Arlequim não sabe o que mais quer
Se deseja aprisionar-se neste eterno mal-me-quer
Ou se retomas a bela face da esplendida mulher...
que é.