segunda-feira, 27 de abril de 2009

Ele e outros homens - Jorge

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Jorge não sabia muito bem como se esquivar das motos e dos retrovisores dos carros. O mulato vendia balas no farol desde que se conhecera por gente. Passara mais da metade de sua vida ali. A outra metade passava relembrando tudo o que vivia lá.
Filho de mãe solteira, sem pai conhecido, dividia as agruras e a comida com mais sete irmãos. Pra Jorge não era triste a vida. O triste era não ser amigo dela.
A rotina do rapaz era simples. Acordava antes do nascer-do-sol, colocava seu uniforme de trabalho ( uma peruca e um macacão com bolas vermelhas, amarelas e verdes), lavava o rosto, escovava os dentes e rompia a manhã com toda esperança de quem nasceu pra viver. Duramente vivia Jorge. Café-da-manhã, almoço, jantar, isso era raridade. Ou uma ou outra. Ele não se lembrava de um dia em que fizera mais de uma refeição.

O Palhaço

O macacão, presente de Dona Dinda, madrinha de Jorge, era companheiro do rapaz há perder de vista. Se bem, não era bonito. Era puído, uma manga tinha metade do comprimento da outra, e as cores... bem, as cores não se podia dizer " Nossa como vibram",no entanto apagavam o amarelo pálido do fundo e isto já e o bastante.
Trabalhar no farol é tarefa dura. Jorge bem o sabe. Mas menino como ele, criado e não-assumido pela vida aprendeu a se virar. O negro raquítico, de sorriso largo e de dentes brancos que envergonham a amarelice do macacão, é sabido da dureza. O crioulo foi moldado na miséria. Pra gente sofrida desde o começo, como Jorge, qualquer fim já é um ganho.

Os carros

No início da vida adulta ele era um alfabetizado-funcional. Ele escreve seu nome, lê e é muito ágil na hora do trôco, na hora do pagamento. O farol abre.

VERMELHO: O palhaço invade o mar de aço. As geringonças metálicas são assustadoras, mas ele não se intimida. A língua presa não o ajuda e ele faz por onde : 10 bala de caramelo a 1 real. Jorge não sabe, mas circula entre os prismas da evolução, da ganância, da modernidade. Saquinho de balas no retrôvisor. Madame vestida de carro francês olha e repugna o crioulo. E também tem o japonês, um negro como o nosso Jorge, e outros dentro dos carros parecidos comigo e com você. Somos reflectivos.
"Ô palhaço, ô muleque, quanto é que tá mesmo ?"
"É dez bala por um real só, moço."
" Vê dois saquinhos que as meninas tão pedindo."
As meninas são filhas de Jeremias, motorista de ônibus, que conseguiu realizar seu grande sonho: um carro popular em suaves prestações. Como se diz na ralé à perder de vista. Dentro do carro estão Pâmela e Luana, filhas do mais novo cliente de Jorge.
Por um momento o palhaço Jorge olha as meninas e se perde ao olhar Pâmela. A menina inda bem menina, quiçá tivesse doze anos, era grande demais pra própria idade. Era escura, de olhos amendoados e tinha um sorriso que atravessou aquele farol e a vida do vendedor de balas.

AMARELO : Jorge jamais fora amado, acarinhado. Sim, era esperançoso, mas não tinha incentivo da vida pra continuar nela. Sua criação em rua, em farol de avenida não lhe dera malícia. Malícia essa de homem, de macho. Muito pelo contrário, o descaso das circunstancias criaram nele uma alma inocente que o fizera permanecer um menino até o seu último dia.
Pâmela fitou Jorge com a mesma inocência que ele a observou. Se perderam por ali, naqueles milésimos de segundos, e a vida ganhou sentido pra Jorge e a mulher nasceu em Pâmela.
"Pega seu trôco aí neguinho." E menino não se movia. Talvez tivesse parado o mundo.Pra Jorge o sinal realmente parára.

VERDE: "Qual é o seu problema, hein garoto?"
Um ballet começava a se criar e a os sacos de balas dos outros carros partiam. Todas as balas dançariam longe daquele lugar. Não sabia nem Jorge, nem a menina o que se acontece numa hora dessas. De tão forte que era o laço nascido, o fio os levára numa forma superior. A forma mais pequenina que engradece.
Jeremias acelerou, o palhaço de feliz que estava, enfureceu-se. Jorge batia no vidro, Jeremias acelerava, as meninas gritavam e o transitou não parou. O mundo não parou. Numa arrancada mais forte o pai da menina conseguiu perder o vendedor de balas de vista. Suspirou, reclamou à menina, criticou-a, se encheu de soberba.

As bolas do macacão

O mesmo garoto de sempre. Um corpo franzino, daqueles que pedem socorro a cada toque. O palhaço só queria sorrir, vender, comer, dormir. O palhaço aquele dia amou. Um lago quente e vermelho se formava envolta dele. Desesperado, só chorava e esperava que alguém o livrasse daquilo. Num minuto ele tinha um mundo á mão, noutro já tinha muito menos que aquela vida maldita. Ele tinha fé em uma santa e rezou pra ela. Aquela oração martelava a cabeça dele todas as noites. Melhor fora recorrer a virgem. O macacão já se mesclava num tom róseo, medonho. Uns gritos surgiam em meio ao caos do palhaço rodeando a poça de sangue quente, muito quente , que ele derramára alí.
As bolas amarelas e as verdes, se perderam, se misturaram, como os olhares do palhaço e da filha do motorista. Nunca mais eles seriam os mesmos. Ele então talvez nem o 'mesmo' ainda poderia ser. O caso curioso que me pois a escrever é sobre o que viera a acontecer com as bolas vermelhas.

Bolas Vermelhas

Como que numa centelha de vida, num sopro irônico de deus pro menino, o macacão ganhara uma face bela diante da desgraça. Não mais se via verde, amarelo, desbotado, puído. O negro vestiu-se de raiz africana- talvez o único momento da vida em que tinha legitimidade- e a roupa de palhaço era manto, vestidura em cor de guerra.
Não demorou muito e pela sangria desatada, o menino palhaço morreu. Nunca em toda a cidade, os terreiros tocaram seus tambores tão altos. Dizem desde então que naquele dia nasceu São Jorge, homem santo, forte guerreiro.


* Meu agradecimento à Rubem Fonseca que me inspirou a criar este e outros contos que virão. Tomei como ideia seu livro "Ela e outras mulheres". Vale a pena .

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Carta ao Amante

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Bem sabes o quanto te desejo
o fogo com que me incendeias todas as vezes que nos sentimos,
nos embrenhamos
Mato a dentro .
a d e n t r o ( onomatopéia de sussurro erótico)
em toda tua natureza mortal
e teu 'faz-me-gemer' v i s c e r a l.

Nos encontramos às escuras,
não é bom que ele -àquele- saiba de ti,-num sussurro- de nós.
Vibro com a vitalidade de quando me penetras
Perfeito ao ponto de dividir linha e pensamento
alma e desejo.
E me concebes
do mesmíssimo modo como me consomes.

Voou no delírio mais infinito a buscar-te
E te recorro.
Quanto mais unidos,
juntíssimos: que o mundo se acabe em navalhas pingando sangue.
Sabemos, eu e você, do nosso gosto pérfido e sádico
em chupar cada gota de sangue alheio.

( onomatopéia orgástica)
E o nosso também, por que não ?

Agarro teus cabelos e cavalgo sobre ti na nossa breve madrugada.
Tu bens sabes o que sinto, jamais precisei de mais que 'verbo-sujeito-e-complemento' para que me soubesses.

( onomatopéia da suspresa da vida)
Mas eis-que longe vem, e eu bem sei o quê
e tu já não vale mais que um maço de cigarros. Vazio.
Te rejeito, te despeço, fecho meu canal.
JÁ não me p e n e t r a m a i s .

Meu Amante, Verso Meu
eu te digo nunca mais.


( onomatopéia referente ao barulho das lágrimas)




sexta-feira, 17 de abril de 2009

Lilás

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Eu não tenho roupas
não tenho terra
não tenho casa
não tenho trabalho
não tenho nada
não tenho amor
não tenho amor

mas e o que eu tenho ??

eu tenho meu cabelo
meu cérebro
meu nariz e minha boca
e meu sorriso
Eu tenho minha alma
minha 'pegada'
e tenho meu sexo.

I've got FREEDOM!
I've got LIFE !


Thanks Nina !!!

Nina Simone in "Ain't got no/ I got life"...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

"Che"

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Não valeria a pena, tendo em vista o contexto histórico abordar o fime como tema central no post.
Ernesto "Che" Guevara foi um revolucionário e como todos sabem seu legado ideológico permanece até hoje, seja em camisetas estampadas com seu rosto ou nos dados históricos de revoluções .
Pois bem... o filme aborda um Che bastante emblemático e o enfatiza como guerrilheiro, idealista e bom moço. O que me faltou, no entanto, foi assistir a figura de Ernesto humanizada, sensível a si próprio e carente. Carente que fosse de afeto, família, sexo e todas as pertinências que me fizeram perceber a falta do homem em Che.
Não sou crítica de filme e por mais cansativo que este o fosse, é apreciável...principalmente tendo em vista a riqueza histórica dele.

.......................................

Mas e quanto a Benício ?

Foram pra mim, apreciadora da beleza e "macheza" de Del Toro, duas horas intermináveis de prazer aúdio-visual.
Del Toro abre o filme fumando um charuto cubano, com um big close em seus lábios, em suas mãos ... e MEO DEOS, o que é aquele homem ?!
A voz que ele empresta a Che, as caretas, o olhar....nada se compara a isso.
Não costumo apreciar a beleza masculina - ela é rara- mas a de Benício, enchem meus olhos.

Continuo, sedenta, aguardando o próximo espetáculo que ele protagonizará: a sequencia de Che.
Espero, crendo de todo o meu coração, que ele se mostre mais humano e protagonize cenas que me façam senti-lo mais "intimo".

De uma fã , absolutamente apaixonada pelos encantos de Del Toro...

Oração de Páscoa

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Eu quero agradecer

Obrigada pelos momentos que estás comigo e eu não percebo, no entanto bem sei que não me abandonas.
Obrigada pelo cuidado com que olhas a minha vida, com que a diriges.
Obrigada por me fazer seu instrumento, por ainda lembrar de mim.
Obrigada pelo Dom que me destes, pela inteligência, pela saúde e pela capacidade -ainda que falha- de amar as suas criações.
Obrigada por falar comigo ainda que seja dentro desse coração tão ruim e falho.
Obrigada pela proteção, pela lealdade, pela fidelidade que ainda tratas a nossa relação.
Obrigada por ter me escolhido, por jamais ter me abandonado, por me abençoar todos os dias.
Obrigada pela comida, pela família, pelas oportunidades e pelas pessoas que colocas em minha vida.
Obrigada até por toda a dor que já sofri diante dos teus olhos... você sabe porque a permitiu. Ela me faz crescer, sempre.
Obrigada por estar ainda em mim e por me fazer brilhar.
Obrigada pelo amor Pai.
Obrigada pela minha vida.
Obrigada por me fazer forte e por me levantar todas as vezes que eu caio.
Obrigada por mostrar sua glória e beleza diante de mim.
Eu te amo muito Pai.
Esteja sempre dirigindo minha vida, meus caminhos.
E me perdoando também por ser tão imperfeita diante de Ti.

Aba, Aba

sabor anis tem Tua alma.

*Minha oração de Páscoa, inda que tardia.

sábado, 11 de abril de 2009

Áquele

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Áquele que ainda vem:

que venha logo

que chegue certo

a tempo par.-

que se já exista

se mostre belo

e me deixe a par.-

que bem me chame

conheça meu eu

e me deixe amar.-

que bem me queira

que seja verdade

e venha pra ficar.-

que não peça demais

nem cobre de menos

que seja sereno

ameno, rústico

e construa meu lar.-

que tenha no sorriso

um lugar meu

um abrigo

que acalme o penar.-

e que seja bem quente

e sempre num repente

me faça suspirar...-

que tenha bons amigos

que sejam companheiros

e sejam verdadeiros

.

e que me levante

cada vez que eu caia

que saiba dar risada

de minha distração...

e que perdoe

que jamais se doe

á escuridão.

e que seja sincero

me sangrando as vezes

mas que eu tenha certeza

d'alma dele.

e que chegue cedo

que nao demore

que eu ja nao suporto

tanta falsidade.


Lirinha dôce e pretenciosa.


O vento que sopra naquele lugar

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O lugar
O lugar estava lá
O mesmíssimo lugar
Não mudara em nada
Desde a última olhada
O lugar tinha seu cheiro
O lugar tinha seus desejos
E os consumou por ali mesmo.
Pro lugar não importavam os números
estatísticas q u a n t i t a t i v a s
Importava mesmo era o bafo quente
Do cheiro das vítimas.
Em numeral, talvez fossem menos que 10.
Sim, sim. Bem menos que 10.
Mas quem habita lá é a gramática.
Nada interessam os números
Importância lá ganham os substantivos, adjetivos e os verbos.
E o lugar me soprou um arrepio
e era como um vento de vingança
o l u g a r se vingara de mim.
Logo eu, também comigo.
E cada poro do meu corpo
sentiu seu desdém, seu deboche.
Talvez, melhor era ter fingido
que quase nada aconteceu naquele lugar.
Mas o l u g a r é duro, insiste em me soprar:
. . .

á q u e l e v e n t o.

E só eu sei o que ele diz.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

A bunda mente

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Perguntaram-me hoje:


O que tens de bom pra dar?


Bem sei que já sei o QUÊ.




Melhor era que entendessem d e s p r e z o


Mas sempre entendem p r a z e r




Se eu desse as costas


qual era a graça do querer?




E se bem desse a bunda


que mais poderiam querer?




A bunda


minha


SUA


a bunda


CONTINUA


feliz de existir


que nunca morre


de desejo em possuir.




ABUNDAnteMENTE irônica.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Minha Primeira Reportagem

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Por Ingrid Thomas 07/04/2009


O AUTOR NO MERCADÃO REUNE JORNALISTAS E COMEMORA O DIA DA CLASSE

O Mercado Municipal de São Paulo foi palco da primeira edição do projeto “ O autor no mercadão". O evento que ocorreu no último domingo foi realizado através de uma parceria entre a RENOME (Associação de Renovação do Mercado Municipal Paulistano), e o projeto “O autor na praça”. A primeira edição teve como tema, a comemoração do Dia Nacional do Jornalista, que será na próxima terça-feira.
A iniciativa é resultado de um trabalho que já existe há dez anos. O coordenador do projeto, Edson Lima, conta que a idéia foi fruto de um outro evento que é realizado quinzenalmente na praça Benedito Calixto , chamado “O autor na praça”. Para Edson, a empreitada remonta um cenário político e engajado, cenário esse, quase apagado em São Paulo : “Essa iniciativa tem como função valorizar a história de São Paulo e incentivar o paulistano a programas mais culturais.” De acordo com ele, escolher o Mercadão foi trazer mais identidade ao evento e relembrar o contexto histórico da cidade.
O evento que teve início as 12h, contou com a abertura da orquestra ”Lua Nova” de Socorro, interior paulista. Após a abertura foi iniciada a tarde de autógrafos com os jornalistas presentes.

Tarde de autógrafos

A bancada contou com repórteres renomados no meio jornalístico. Entre os presentes estavam: Audálio Dantas com o livro O Chão de Graciliano Ramos; José Hamilton Ribeiro com os livros O Repórter do Século, O Gosto da Guerra, Música Caipira e Tropeiros: Diário de uma Marcha; Ricardo Kotscho com os livros Do Golpe ao Planalto, uma vida de repórter, Uma vida nova e feliz... sem poder, sem cargo, sem carteira assinada, sem crachá...; Guilherme Azevedo com o livro As Aventuras de Alencar Almeida; Flávio Carrança com o livro Espelho Infiel, o negro no jornalismo brasileiro; Iva Oliveira com o livro A Força da Fé; Lucius de Mello com os livros Eny e o Grande Bordel brasileiro, A Travessia da Terra vermelha e Mestiços da Casa velha. O clima era bastante descontraído e os jornalistas falaram sobre temas polêmicos.

A censura e a obrigatoriedade do diploma

“Aceitar a censura nunca”, afirma o jornalista e escritor, Audálio Dantas. Para ele o que há nos meios de comunicação de massa é a censura econômica, que varia de acordo com a direção do veículo. Nesse tipo de censura, segundo o jornalista, existe um direcionamento do conteúdo e da essência da matéria. Ele diz ainda que a função do jornalista é um compromisso ético, e faz referência a cláusula da concensura, vigente na Europa, que legitima como direito a isenção de assinatura do jornalista, caso a essência da matéria seja modificada pelo veículo.
O ex-assessor da presidência e repórter há mais de quarenta anos, Ricardo Kotscho, defende uma postura mais enérgica do jornalista: "A censura que eu sofri foi em 67, no Estadão. O que existe hoje é a auto-censura do jornalista, e dos interesses próprios das empresas. Eu jamais admiti a censura e nem por isso fui mandado embora, eu sempre demiti as empresas”. E completa: “O pessoal está acomodado. No jornalismo você tem que brigar por tudo, a vida do jornalista é brigar, é ir sempre até o limite." Em relação á obrigatoriedade do diploma, ele que não tem formação acadêmica, conta: "Fui jubilado no ECA e minha mãe não teve o prazer de me ver formado. Eu defendo um exame como o da OAB, para que o profissional tenha acesso a profissão, senão vira casa de ninguém, e avacalha o jornalismo.” Um dos entrevistados, Lucius de Mello, redator do programa Hoje em Dia da Rede Record, vai além: "O poder político é refém do econômico. O jornalista precisa transitar em uma linha tênue pra que não sofra censura”, disse, fazendo referência a vulnerabilidade - leia- se risco de demissão- do jornalista no mercado de trabalho.

O debate

A discussão foi moderada pelo editor do Jornalirismo, Guilherme Azevedo. Os temas abordados foram a revolução digital, a liberdade de imprensa e a função do jornalista na sociedade. O jornalista José Hamilton Ribeiro de 76 anos, que há cinquenta e dois anos atua na profissão foi bastante celebrado e protagonizou os melhores momentos do debate. Ele afirmou que o brasileiro tem um desconhecimento da própria identidade, e que os meios de comunicação não valorizam o “Brasil rural”. Para ele, o homem rural tem pouco incentivo de crédito do governo e pouca relevância na mídia: "A grande imprensa não conhece o Brasil, principalmente o campo. Existe hoje, uma grande atenção com o urbano e um esquecimento desastroso com o meio rural”, afirma Zé Hamilton, como é chamado pelos colegas.
Um dos ápices do debate foi a discussão sobre o advento da internet como ferramenta no trabalho jornalístico. A bancada foi enfática ao afirmar que qualquer um pode “fazer jornalismo”, e que hoje em dia é preciso ter cuidado com essa tecnologia. Para o repórter especial do programa Globo Rural, Zé Hamilton, essa liberdade dá margem á desvalorização dos bons profissionais: “Hoje qualquer cabeça de bagre põe o que ele quiser na internet”, disse fazendo referência aos pseudo-jornalistas da web.
O debate teve momentos de descontração principalmente quando a bancada foi questionada sobre "o porquê continuar na profissão”. As respostas formaram um elo entre o bom-humor e a paixão pelo ofício: ”O jornalismo é a melhor profissão pra se sair a tempo”, brincou Zé Hamilton. Para Kostcho, é uma questão de sobrevivência: “Eu não saberia fazer outra coisa da vida que não fosse ser um jornalista.”
O evento também contou com a presença do presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Guto Camargo, que louvou a iniciativa e convidou os estudantes presentes para aderirem ao movimento da categoria.




p.s.: Foi um trabalho que exigiu dois esforços grandes de minha parte: transcrever as milhares de páginas anotadas no meu bloco e vencer minha auto-crítica.
Dedico esse texto á Ana. Obrigada por revisá- lo com carinho, pela paciência e pela compania durante as entrevistas.
Creio que a reportagem deve ter falhas- minhas- e vou mantê-las. Ainda não quero desenvolver as úlceras pertinentes á profissão.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Fome Branca

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A moça rechonchuda de vestido branco
A moça está feliz
A moça rechonchuda
Tão suculenta quanto seu bolo confeitado
e tudo é branco, branco, branco
copo de leite, bolo, noiva, renda
a noiva é rechonchuda
a noiva me dá fome
a noiva me dá tédio
a noiva é rechonchuda
re-shhhon- sshhhhu- dá !

Ah!

Papei a noiva!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

O sexo do seu cérebro

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http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI65446-15224,00-QUAL+E+O+SEXO+DO+SEU+CEREBRO.html

O link acima traz uma reportagem sobre o sexo do cérebro, e um teste pra descobri-lo.
A pesquisa abre campo pra muitas respostas, principalmente sobre sexualidade, e também sobre características que nos fazem ter um comportamento compatível ou não com nosso gênero.

Fiz o teste e -como já esperava- meu resultado não apresentou nenhuma novidade. Minha pontuação foi 6, o quê de acordo com a tabela ,significa um cérebro masculino.

Ciência aliada a prestação de serviços pr'aqueles- como eu- perdidos numa confusa identidade.

Façam o teste!

sábado, 4 de abril de 2009

O "conhecer" um baiano

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Nasci em São Paulo, passei a infância em Cianorte-PR, voltei no início da adolescência e, cá estou transbordando minha idêntidade caipira-cosmopolitana.
Tenho uma alma de sertanejo, tenho meu sotaque, tenho o cheiro de eucalipto que me invade as narinas, bastando apenas pensar Cianorte.

Me considero conterrânea daquele povo de sítios e casas em ruas de barro. Pensar meu interior é pensar no meu próprio interior.Uma alma distante de seu corpo.

O sul pra mim é casa, quintal- de i d e n t i d a d e.No entanto não me considero regionalista, tampouco denfensora de qualquer " fragmento de identidade" do Paraná. Gente de lá- leia-se PR e SC- não se apega a promover a própria terra. Gente de lá é simplesmente gente que é, sem levar em consideração o por quê do ser. E me basto em carinhos e apreços c o n t i d o s como todos de minha terra.

Tendo essa vivência em dois estados, achava que a maioria era assim...despretenciosamente sabido e exercido em sua origem. Eram apenas os nascidos ali ou nascidos lá.

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O Brasil se resumia sim, em 25 estados e um distrito federal. Oras, aprendi isso em geografia, tenho isso tatuado no corpo e, essa geopolítica era bastante homogênea desde sempre- quiçá com uma ou outra destoante.
A região norte, Roraima, Amapá,Amazonas, Pará,Tocantins,Acre( meu sonho de viagem) e Rondonia. Centroeste composto de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Sudeste com São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. No Sul: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Deixei pro final o Nordeste que tem como partes: Maranhão, Piauí,Ceará,Rio Grande do Norte,Alagoas, Paraíba, Sergipe e finalmente a Bahia.
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O "conhecer" um baiano muda a vida da gente toda, digo, o baiano com baianidade. Baiano que fale em nagô, que ilustre o pelourinho, que se vislumbre nos ditos de Jorge Amado, e que tenha legado africano.Pois bem...conheci uma baiana legítima e, brother é uma viagem.

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A baianinha

Falemos da baianinha. O inha é de pequena, como a maioria dos baianos. A média de altura fica entre 1,60 á 1,68, lá naquelas terras de obás e dendê. O nome da baiana é Ana ,e claro como todo baiano que adora aparecer, o nome é composto: Ana Lígia.
Ana Lígia é menina daquele tipo diferente, que se encontram em grandes capitais...digo diferente por que pra ela Adão não foi feito pra Eva e, se deus inventou coisa melhor que mulher guardou só pra ele. Ana Lígia faz publicidade e propaganda na PUC-SP, e joga futebol pela pontíifícia também. Pra baiana entregaram a camisa 10 do time, e corre por entre os bastidores que ela é boleira nata.Pra fim da descrição da personagem, vale lembrar que não existe ninguém que tenha os olhos tão amarelos como os dela. Amarelice essa, que faz nascer inveja em qualquer "olhos-azuis".
A baiana é uma regionalista nata. Não há como ouvi-lá balbuciando monossílabas sem se transportar pra Bahia;Ela fala em dialetos as vezes, e consegue abrir tanto as vogais que chêga a fazer espacate gramático.
Ana é porta-voz de sua terra. Nela se enxergam a dureza do nordestido e sua tenacidade. Gente dura daquela terra que jamais se curva diante de coisa grande, quiçá das modestas.A menina carrega em sim uma inteligência ininterpretável.Discorre de Amado á Nieztsche como quem lá , falaria de um jogo entre Bahia e Vitória. Dentro da cabeça dela efervem uma inteligência genética munida de conhecimento de mundo, aliada á vida acadêmica-nisso destoa da sua gente. Ela teve oportunidade de alimento e boas escolas, e como baiana legítima aproveitou.

Conversar com ela, é relembrar Caetano in "Não enche" : "o que eu herdei de minha gente eu nunca posso perder."E ela não perdeu.
A.L. uniu sua afrodescencência á sua baianidade. Complementou o feijão- com- arroz no seu acarajé, e caruru de Cosme e Damião. Assistiu aos Filhos de Gandhi cantando João Gilberto. Ela é toda uma mistura bonita, de terra sofrida que só fez brilhar.

Não há ser que se aproxime dela e não veja Bahia. E menino, não ame a Bahia.
A baianinha é pra mim, a promoção - leia- se no sentido de promover- mais legítima de qualquer marketing que se possa existir. A menina baiana tem todo aquele dom, que sabe o baiano de se fazer feliz, e fazer uma terra toda sorrir. Baianidade presa ao sotaque, ao amor á terra, ao jeito de retirante inconformado em abandonar a mãe nordestina.

O lugar dela é a Bahia , sua terra e seu povo.Todavia o mundo precisa dela, pra ser feliz de existir.





Neologismo

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pernilongo
zum-m-m-m
seu zumbido no ouvido
pernilongo
zum-m-m-m
meu zum mingo perdido.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Torpe

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Eu que outrora me julgava suspeito de mim
vejo que não sou
senão réu
daquilo que não vivi.


quarta-feira, 1 de abril de 2009

Reminiscências

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Deviam ensinar inda pequeno, lei de estatuto dos pequenos:

" a vida é estrada sem volta"

mas enganam, e colorem de luz a velha anedota

e menino perdido, alma a buscar
não percebe o caminho
a estrada é penar

e menino vai descobrindo a si
na frieza do existir

todas as meninices ficam perdidas
e a infancia se dá vencida

quantos meninos,
MEU DEUS, como eu

perderam-se todos , buscando seu eu ?

e menino brinca nada
pouco fala
corre,voa, a fuga nasce nas mãos
buscando semelhante

pares errantes
pares meninos

menino só encontra gente grande
menino é - VIOLENTAMENTE- forjado rapazote

pra quê menino a velhice na meninice?
melhor era começar do avesso,

não é bom, pra menino esse
ganhar e depois p e r d e r .

Menino quer ser indio
quer ser história
da don'Ana, professorinha

menino é burquinha
menino é cartilha
menino assobia
menino não chega á noite
meninice morre a luz do dia.

*Quando componho fazendo referência a infância, ao sentimento de estar no mundo( e toda sua ruptura com o lúdico, com o aconchêgo materno), tomo como forma e pretenção, o Mestre das miudezas, o mato-grossense Manoel de Barros.Dele:

"Tudo o que não invento é falso."

:D

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Tenho sonhos que ainda não consigo realizar; mas não perco a esperança.
Ontem tive uma notícia muito feliz, uma que gostaria de receber desde os 10 , e milagrosamente veio da onde eu não esperava...

Saí de lá, pensando em como é bom não perder esperanças e tentar de novo, arriscar.Tô perto de uma grande conquista, e me sinto abençoada. Tudo tem sua hora certa.A minha chegou, torçam por mim.

que tudo dê certo.

Tempo Rei

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Sinto a força do tempo sobre mim
sinto a mudança do tempo em mim
aqui dentro
estou perdendo tantas manias, manias que eu chamava "amor"
.

Prefiro ficar assistindo a mudança de fora de mim
melhor não entrar e tentar salvar a pátria
melhor é deixar que o melhor se organize melhor, e eu o reconheça melhor.

tempo de absoluta depuração
tempo de absoluto perdão
que bom, é chegado o tempo da paz.