sábado, 5 de dezembro de 2009

Sonho e Realidade

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Este sonho aconteceu do dia 23/11/09 para o dia 24/11/09
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Eu estou num ônibus com alguem que me faz compania. O caminho me lembra o Jardim Botânico_ caminho no qual passei quase dois anos indo para s.b.c. Na Metodista-.
De repente passamos num condomínio de prédios e vejo um homem atirado num canteiro florido.
Esse homem eu nunca conheci pessoalmente, mas sei o nome dele e de vez em quando leio seu blog.
Ele está caído e existem pessoas em volta. Ele se jogou. Ele se matou.
Mais adiante vejo uma moça desesperada se jogando no chão. Ela chora muito, ela sofre, a dor dela é comovente. É o retrato da tristeza profunda e da inconformidade. Penso: deve ser a mina do cara que se matou. O onibus dá a volta e já existe uma novena, com velas e muitas pessoas. Parece que ele é um cara cheio de amigos. A maioria é mulher. Existem poucos homens. Os únicos homens que me lembro são os homens que estão ao lado do corpo no canteiro florido. O canteiro é redondo.
Eu , de repente, entro dentro do condomínio e já assisto a cena do corpo estirado duma janela alta. Parece que estou em um apartamento. Ouço comentários de que essa já não é a primeira vez que o cara tenta se matar.Dizem algumas pessoas. Eu apenas ouço. Passam horas e o corpo permanece lá.
Existem outras duas moças que choram compulsivamente como a primeira. Me parece que ele tinha outras mulheres além daquela primeira.
Um dos amigos, um gordinho, sai correndo e pela primeira vez, deixa o cara sozinho e estirado. Ficam uns amigos envolta ainda, mas o gordinho parece ser o mais fiel e dedicado.
O corpo está duro, pelo menos é o comentário que eu ouço das pessoas. Afinal já se passaram muitas horas. O amigo gordinho volta. Num repente ele coloca o corpo de pé .O amigo parece meio revoltado e quando levanta o corpo do defunto , mostra uma atitude desesperada de salvá-lo . E salva. O corpo é colocado de pé , e mesmo meio torto , apoiado numa perna só, não cai. O cara não morreu. Ele está vivo. O gordinho aplica no pescoço do ex-morto uma injeção verde. Como se fosse adrenalina, ou qualquer coisa do tipo que o fizesse viver de novo.E parece que funciona.
Meio torto, meio manco e se arrastando sai o cara. A primeira mina_ a que mais se descabelva chorando _ o abraça e sai com ele. Ele apóia seu corpo sobre o dela e eles se vão, juntos.


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Hoje, como todos os dias, entre no site de notícias "G1" da Globo, para acompanhar as informações do dia.
O homem do sonho foi baleado numa tentativa de assalto no espaço "Parlapatões". Seu estado é grave.
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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Estou envelhecendo

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Passei tanta coisa, passei tanto de mim e passei tanto do ponto. Deste, daquele, do meu, da vida.Do ponto que eu deveria descer pra caminhar um pouco mais.
Não existem atividades literárias pra quem não ama mais segurar num lápis. Pra quem abandonou um caderno de cinco anos e se apaixonou pela vista deslumbrante de um computador. Nele posso ver o mundo. Nele cabe todo o mundo, toda a minha paz. Nele cabemos.
Que piada!
Lí um texto tão bonito, que me tocou tanto. Era sobre como os nãos que dizemos ao longo da vida custam um único sim que pode ser dito.
Pois bem, lá vou eu.
Dentro de mim, no mais íntimo, estão todas as palavras ansiosas por nascer e fazer morrer. Ansiosas para não frutificar – no sentido puro da poesia :esfacelar-, loucas pelo próximo tiro e pela próxima lágrima.
Ontem me nasceram tantas palavras e me neguei a ouví-las. “Sai de mim, poema sempre dito.”
Pensei : Maldito seja esse dia. E continuei.
Com quaantas palavras pode um poeta inteligente contar uma mesma história( sem que se mude uma só vírgula )?
Muitas.
Com quantas palavras pode um negligente contar uma mesma história ( sem que se mude uma só vírgula )?
Com nenhuma. O negligente apenas ignora tudo.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Ordem e Progresso

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Um.
A liberdade se encontrou na modelagem.
Zíper.
Dois.
O tanque submete a mulher.
Três.
Um Homem submete qualquer mulher.
Quatro.
No tanque.
Cinco.
Cabelos são rédeas. Quadril a galope.
Seis.
Um.Um.Um.Um.Um.Um.
Sete.
Quando é bom não precisa de Dois.
Oito.
Coito.
Nove.
'Te amo, Vida, líquida esteira onde me deito.'
Dez.
Ordem e Progresso.

*Sábio Nelson Rodrigues.
*Sábia Hilda Hilst

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Redenção

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Olha eu aqui. Fumando. Fu (A)mando.
Olha eu aqui. No melhor projeto da minha vida : me destruir.
Olha eu aqui. Tomando café.
Na verdade, olha eu aqui = bomba relógio. tic tac. vai explodir.
Olha eu aqui . Literatura homicida. Enjoo. Nojo. Raiva. Baratas. Ratos.
f r u s t r a ç ã o _______________ nas entrelinhas.
Ironizando o ato de viver.
O circo de viver.
O palhaço que eu não pinto mais no rosto.
Os palavrões que eu não falei.
Os socos que eu não dei.
A putaqueteopariu que eu nunca mandei.
Agora, ainda vivos e me cobrando sua execução.
Estou eu e o legado de dor que eu deixei dentro de mim.
Me cobrando, me matando, me tirando uns muitos pedaços diários.
As palavras ainda me ajudam.
Elas ainda são a ação possível.
Diante do mal, do caos e de mim.

sábado, 29 de agosto de 2009

Caminhada

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Fumo desde os 17 anos e este hábito terrível fez com que eu criasse espaços de tempo para fumar em qualquer lugar.
Trabalho num shopping e ainda me resta uma área para fumar. Vou sempre ao mesmo lugar. Lá penso sobre a minha vida, meu presente, passado e futuro. À penas, penso.Construo o mosaico do existir com um cigarro entre os dedos,uma fumaça sobre a cabeça.E hoje não foi diferente, saí pra fumar.
Acendí meu cigarro, dei o primeiro trago e comecei a observar o fluxo de pessoas que vão e vem à minha frente, numa das entradas do shopping.
Um homem passa falando ao celular apressadamente, na mesma mão que o segura tem um chaveiro entrelaçado nos dedos. Um homem que corre à vida num compasso orgulhoso e prepotente. Logo atrás um menino de no máximo dois anos. Ele corre em seus pequenos passos para alcançá-lo. O menino usa sandálias amarelas, bermuda preta e uma camiseta com os dizeres : “nasci pra vencer''.
O homem a passos largos não se importa em olhar pra trás. O menino, obstinado, não se importa em buscá-lo numa corrida impossível para suas pequeninas pernas.
Vejo este homem percorrer mais ou menos vinte metros até que meus olhos não o alcancem mais. O menino é a última figura que vejo fazendo a curva , e desaparecem. Do meu olhar. Me questiono...que tenacidade é esse que move uma criança a perseguir o pai durante incansáveis minutos, sem sequer receber um olhar, um gesto para que continuasse? Que pai é esse que não olha pra trás e se compadece do esforço sobrenatural que seu bebê fazia para alcançá-lo?
Quantas vezes já corri atras de alguém que não me esperou ?Que não se compadeceu em perceber que a minha capacidade só chegava aos passos curtos? Quantas vezes já vesti a camiseta com a frase “nasci pra vencer'' em batalhas perdidas desde o primeiro passo?
E ainda mais, quando foi que tive essa determinação de ir em frente diante do desprezo e do abandono? E quantas vezes não diminuí o ritmo pra – numa atitude apaixonada e generosa- oferecer ajuda a quem se arrastava poucos metros atrás?


quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Tudo Novo de Novo

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Uma expectativa nascida de dois pares de olhos. Projetadas num só. Eyes with lasers. É, foi mais ou menos assim.
Pois bem, estacionei em frente ao seu prédio e esperei você descer. Esse foi o dia que fizemos um mês ficando -pra mim-, e 'ficando' pra você. Do alto dos seus 1,70- pouca coisa maior que eu- vi um homem de paletó preto, calça jeans e tênis cinza. Nas mãos dele, um buquê de flores.
Pensei : Ineditismo e Deus.Caí,só que nos teus braços. Uns vinte olhares e meios sorrisos deram as mãos aos muitos selinhos e saímos pra nossa noite pagã. Como todas as outras.Onde os fracos não tem vez. Sorrimos sempre dessa piadinha nascida num motel barato ao estilo estadunidense.Que não se compreenda tudo. Fomos jantar. Eu, ele e as flores no banco de trás. De certo que elas deveriam estar fazendo comentários sobre nós. Isso não é devaneio.
Sempre me sinto deslocada com muita chiqueza e dessa vez não foi diferente. Um garçom ao pé da mesa, mais propriamente enchendo o meu prato todas as vezes que ele esvaziava. O garçom queria namorar com a gente. Asseyes vouz, garçon.Brincadeira. Na verdade era um escravo pago pra trabalhar de madrugada nesses empregos desleais. Provavelmente tinha raiva de estar ali. A mulher o esperava em casa e servir a um jovem casal deveria ser pedante.
Não me senti muito a vontade naquele lugar, embora a comida fosse ótima. O problema era só o serviço demasiado prestativo do garçon. Vou me ater a nós. Nós.Agora nascemos no plural.
No carro um abraço. No carro umas palavrinhas tímidas, que juntas, formaram isso que chamamos de frase e, nesse caso, pedido de namoro (ou intimação) : A partir de agora você é minha namorada.
Minha cabeça voou nas asas de um pássaro perdido, depois voltou, cambaleante : Eu quero, achei que você não fosse pedir! O desespero eufórico era , de fato, puro desespero. Eu sei do quê. Por quê pensou que eu não fosse pedir?, disse ele.Eu respondi algo muito inseguro e ele replicou: Pra mim a gente já tava namorando a muito tempo. Ufaaaaaaa. Ele quer isso de verdade, eu percebí. Então vamos.
Sendo ele o filho não nascido, mas escarrado o Chico Buarque – coisa que ele não suporta-, falou como o tal, dias à frente sobre Construção.Mas não era aquela letra famosa. O discurso soava como comida caseira, sabe? Parece ridículo dizer isso, mas era como se eu sentisse uma segurança duradoura, daquelas que só existem em almoços de domingo com a mesa cheia. ''Eu quero construir sonhos e buscar obejtivos em comum . Eu sei que com você vale a pena.'' Pôrra, que mulher não sonha com isso? Há quanto tempo eu espero por isso? Bom, é muito provável que eu esteja no caminho certo. Caso contrário, é mais um dos atraentes precipícios que beirei na vida.
O que eu sei de tudo isso é que tem muito a ver com o que eu sempre quis.O nós é muito presente nele e isso me cativa. O cuidado me cativa, a calma também. Conto os dias pra vê-lo novamente, numa espécie de '' fecundação de amor'' e que em breve, me engravidará.


Ele me encontrou/Eu tava por aí/Num estado emocional tão ruim/Me sentindo muito mal./Perdido, sozinho/Errando de bar em bar/Procurando não achar/Ele demonstrou tanto prazer/De estar em minha companhia/Que eu experimentei/Uma sensação/Que até então não conhecia/De se querer bem/De se querer quem se tem/E Ele me faz tão bem!/Que eu também quero/Fazer isto por ele...

Pra você, barba

Luzinha!

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Se você leitor já teve contato com 'Brida' de Paulo Coelho, continue a leitura. Caso contrário, não facilitarei o texto pra que você entenda minhas subejtividades.
Sabe aquela luzinha que brilha ao lado superior direito da cabeça de uma pessoa? Então é sobre ela que eu vou falar.
Li 'Brida' aos 8,9 anos de idade. Era um livro que pertencia à tia Ane, hoje falecida. A capa era interessante e lá no interior do Paraná o maior nome em romance que se conhecia era o de Coelho. Me interessei, peguei emprestado da tia e li nas minhas férias que passava aqui em sampa. Por coincidência no mesmo quintal onde hoje moro. Voltas que a vida dá, vai entender.
Brida é uma bruxa wicca e aprende alguns segredos da vida e do amor naquela filosofia ritualística e simbológica que pratica.Ela sabe que a sua grande busca significa encontrar o portador dessa tal luzinha e vai atraz dele. Ela o identifica. Ela se alegra. Ela se satisfaz. Satisfação essa de todos aqueles que encontram o que procuram , e percebem : a busca acabou.
No entato no caminho de Brida não existem possibilidades para que ela siga essa luz. E descobrir isso gera muito sofrimento e a coloca diante de decisões altruístas, logo muito difíceis.
Num dado momento o dono da luz entrega Brida à vida. E ela vai.
A garota descobre que o grande prazer não era 'possuir', nem tampouco seguir a luz, mas sim, tê-la encontrado.
A jovem bruxa parte feliz e pensa consigo :- Puxa, como tenho sorte!